A possibilidade concreta de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conceder o registro à Rede Sustentabilidade faz com que os 19,6 milhões de votos recebidos por Marina Silva nas eleições de 2010 fiquem sem dono definido. Caso não aceite a proposta feita pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) de filiar-se ao partido, Marina verá seu capital político — inclusive os milhares de votos que ela recebeu em Brasília — se dissolverem, na grande maioria, entre os candidatos de oposição à presidente Dilma Rousseff.
Os votos políticos tendem a ser divididos entre os eleitores do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e os do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE). Em tese, Campos leva vantagem, uma vez que esse eleitorado de Marina, em 2010, se formou, em grande parte, por pessoas que não queriam votar na petista Dilma Rousseff nem no tucano José Serra.
Além disso, pode pesar a favor do governador pernambucano o fato de este, explicitamente, ter trabalhado por Marina. Foi o PSB quem apresentou no Supremo Tribunal Federal a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) para suspender a votação do projeto de lei proibindo que os parlamentares que mudassem de legenda levassem para a nova sigla o tempo de televisão e o fundo partidário.
Mas os votos de Marina não são apenas políticos. Boa parte do contingente dos eleitores marineiros é de evangélicos. A Igreja Universal tende a apoiar Dilma pela influência do ministro da Pesca, Marcelo Crivella. A aposta é que os demais votos religiosos fiquem mais soltos. Caso o pastor Everaldo seja realmente candidato a presidente pelo PSC, poderá ser beneficiado. "Quanto mais próxima da comunidade, maior a influência do voto religioso. Para deputado estadual e federal, a influência é maior. Para presidente da República, o poder de persuasão religioso torna-se mais diluído", acredita o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz. Há ainda os eleitores jovens — as pesquisas de intenção de voto de Marina mostraram uma sintonia fina entre a candidata e os manifestantes que tomaram as ruas do país em junho. "Esses eleitores devem anular os votos, não optando por nenhum candidato tradicional", afirmou o deputado Domingos Dutra (PT-MA).
Fonte: Correio Braziliense
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