quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Aécio Neves critica cooptação do Solidariedade pelo governo Dilma

Ministra Ideli Salvatti ofereceu a políticos do partido de Paulinho da Força manter cargos no governo em troca de apoio

Presidente do PSDB também defende a criação da Rede e diz que governo usou sua força para inibir criação da legenda de Marina Silva

Júnia Gama

BRASÍLIA - Um dia após a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) se reunir com líderes do recém-criado Solidariedade e oferecer a manutenção de cargos em troca do apoio ao governo, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), criticou a ação do Palácio do Planalto para cooptar o partido criado pelo deputado Paulinho da Força (SP). Ele também defendeu a criação da Rede Sustentabilidade, da ex-ministra Marina Silva.

- É o Estado, a população brasileira, pagando pela migração de parlamentares da oposição para a base. Houve a criação de um partido que não nasceu na órbita do governo, mas já está sendo cooptado também, em parte, pelo governo. Isso depõe contra a democracia, não ajuda que as pessoas se identifiquem e se aproximem da política, porque não veem nenhuma vinculação delas com os partidos que deveriam representá-las - comentou Aécio, que esperava ter o apoio do Solidariedade.

A ofensiva do Planalto foi lançada ontem em reunião de Ideli com Paulinho da Força e integrantes partido, que tinha sido criado com viés oposicionista. A ministra conseguiu arrancar declarações do deputado de que a legenda não ficará contra o governo. No encontro, Ideli prometeu manter os cargos de políticos do partido, em troca do alinhamento. Sobre a concessão de mais cargos ao Solidariedade, a ministra afirmou que a presidente Dilma Rousseff irá decidir sobre isso.

Aécio disse ainda esperar que o partido de Marina Silva seja viabilizado para participar das eleições de 2014. Para Aécio, as digitais do governo estariam gravadas no cenário de dificuldades que a Rede Sustentabilidade tem enfrentado para ser criado oficialmente. O senador afirmou ainda que o PSDB pode receber parlamentares de outros partidos na reta final do prazo de filiações, assim como alguns tucanos abandonaram a legenda

- Ajudamos no que pudemos, demos a ela toda a nossa solidariedade. Companheiros ajudaram inclusive na coleta de assinaturas. Esperamos que ela possa, realmente cumprindo as exigências legais, estar no jogo político. Para o Brasil seria muito importante ter a oportunidade de uma opção de candidatura presidencial como a da Marina, que agrega valores, agrega temas importantes no debate eleitoral. Mas mais uma vez o governo usa da sua força, como tentou usar aqui, no Congresso Nacional, através de projeto de lei, para inibir a criação do partido - disse o senador do PSDB.

Aécio voltou a comemorar a decisão do ex-governador José Serra (SP) de permanecer no PSDB. Disse que é uma maneira de derrotar o PT nas urnas em 2014.

- A permanência do Serra é uma grande vitória do PSDB. Serra é um nome extremamente qualificado, tem enorme capital político, enorme capital eleitoral e vai estar ao nosso lado para encerrarmos esse ciclo do PT. Estou extremamente feliz, foi com muita alegria que recebi ontem dele próprio a notícia de que fica no PSDB. Na verdade, nunca tive outra expectativa. Temos um objetivo comum: permitir que o Brasil volte a ter, após a derrota do PT, governos éticos, eficientes e que coloquem o Brasil no caminho do desenvolvimento e do crescimento econômico, o que, infelizmente, não vem acontecendo hoje - disse Aécio.

Na tarde de terça-feira, os tucanos colocaram um ponto final na novela a respeito da permanência de José Serra no partido. Depois de cogitar migrar para o PPS para concorrer à Presidência da República em 2014, Serra definiu em conversa na segunda, com Aécio Neves, que fica no PSDB e sinalizou que não haverá briga interna pela indicação do partido para concorrer ao Palácio do Planalto.

Fonte: O Globo

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