De olho em 2018
Um fator pesou na decisão de Marina Silva de se filiar ao PSB e apoiar Eduardo Campos -admitindo, inclusive, ser sua vice, mesmo tendo o triplo de suas intenções de votos. Na conversa que tiveram na madrugada de sábado, Campos reiterou a Marina o compromisso de, se eleito, mandar ao Congresso emenda constitucional para acabar com a reeleição. Nesse cenário, como vice atuante e com uma aliança já assegurada, Marina seria um nome forte para a eleição de 2018.
Timing O programa de dez minutos do PSB que vai ao ar quinta-feira no horário da propaganda partidária será refeito para mostrar a aliança com Marina Silva. A propaganda vai reafirmar a legitimidade da Rede e exibir cenas do anúncio da aliança.
Superexposição A Rede Globo exibiu seis propagandas estreladas por Eduardo Campos no intervalo de "Sangue Bom" sábado. Em seguida, o "Jornal Nacional" dedicou 4m22s à notícia. Por fim, mais três inserções do PSB foram ao ar no primeiro intervalo de "Amor À Vida".
Top of Mind Para estrategistas de Campos, o combo do noticiário da TV mais os spots partidários e a repercussão nas redes sociais representa o equivalente a 200 milhões de GRPs (Gross Rating Points), parâmetro usado para medir o alcance de mídia de uma notícia.
Despertar A ideia de que Marina seja vice de Campos não agrada aos sonháticos. "Espero que essa chapa se inverta e seja Marina presidente e Eduardo vice. Caso contrário, vou defender candidatura própria do PDT", diz o deputado federal Reguffe (DF), que não se filiou ao PSB.
Em casa Marina não transferiu o domicílio eleitoral do Acre, o que acaba com a especulação de que poderia ser candidata ao governo do Rio ou do Distrito Federal para puxar votos para Campos.
Epocler Lula soube da união entre Campos e Marina num sítio em Ibiúna com a família do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar. "Agora foi um direto no fígado", reagiu o petista, segundo relatos.
De pé Ao telefonar para Aécio Neves, que está em Nova York, Campos disse que foi surpreendido pela iniciativa de Marina. Combinaram de se encontrar, e o governador de Pernambuco disse que os acertos entre PSB e PSDB nos Estados estão mantidos.
Lá e cá O PT pretende explorar as contradições de perfis dos neoaliados. "Marina reduz a capacidade de diálogo de Campos com o empresariado, e ele aniquila a sedução dela pela promessa do novo", diz um petista.
Porteira Já Aécio vai investir em atrair os representantes do agronegócio, que vinham conversando com o pré-candidato do PSB, mas agora ficam órfãos diante da parceria com Marina.
Cizânia Pesquisa do instituto Ideia para o PSDB fechada no dia 2, com 3.000 entrevistas, reforçou no partido a aposta de que haverá pressão pela troca de posições de chapa no PSB. Dilma Rousseff tem 38%, Marina, 20%, Aécio, 17%, e Campos, 5,5%.
Carburador Fernando Haddad (PT) pretende anunciar nesta semana o encerramento do contrato entre a Prefeitura de São Paulo e a Controlar, responsável pela inspeção veicular na cidade, depois de longa disputa administrativa com a empresa.
Cofre Haddad recebeu na semana passada do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a notícia de que a Câmara deve votar ainda em outubro a renegociação das dívidas de Estados e municípios.
Tiroteio
Aécio é o grande perdedor com a decisão de Marina. Resta saber a reação na Rede, que pode ser contrária à decisão imperial dela.
DO EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU (PT), réu no mensalão, que publicou em seu blog, em abril, post que dizia que Marina podia ser vice em chapa de oposição.
Contraponto
Saí do Facebook
No longo discurso que fez no sábado para justificar sua decisão de se filiar ao PSB, Marina Silva, além de criticar a decisão do TSE, que, segundo ela, tornou a Rede o "primeiro partido clandestino" pós-democratização, ironizou a ideia de que deveria se manter fora dos partidos e da disputa eleitoral para conservar a "pureza" política.
-Muitos achavam que eu deveria ser a madre Teresa de Calcutá da política. Mas escolhi assumir posição.
Outros a queriam como "a candidata da internet":
-Todo mundo ia curtir, e muita gente ia me cutucar! -brincou, arrancando risos na plateia.
Fonte: Folha de S. Paulo
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