O Palácio do Planalto já reavalia a estratégia para a sucessão presidencial de 2014 após o anúncio, anteontem, da aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos. Petistas acreditam que a presidente Dilma Rousseff terá de enfatizar sua imagem de realizadora: a tática é opor ao perfil "sonhático" da ex-ministra do Meio Ambiente ideia da presidente "realizática" - expressão usada por um ministro de Dilma. No PSB, a preocupação agora é com a resistência do grupo de Marina a alguns aliados de Campos, como a família Bomhausen e o líder ruralista e deputado federal Ronaldo Caiado. O PSB espera abrir um "palanque duplo" de oposição com o PSDB em São Paulo e Minas Gerais, maiores colégios eleitorais do País. Em troca, oferecerá apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin. Tucanos paulistas evitam admitir o acordo, mas falam de um "esforço compartilhado" entre as legendas.
Planalto reavalia estratégia para 2014 após parceria entre Marina e Campos
Leonencio Nossa, Ricardo Della Coletta e Eduardo Bresciami
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto já reavalia a estratégia para a sucessão presidencial de 2014 após o anúncio, anteontem, da aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos. Petístas que integram o primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff acreditam que ela terá de te forçar a tática de construção da imagem de realizadora.
A ideia é se opor ao perfil "sonhático" da ex-ministra do Meio Ambiente, que deverá integrar a chapa presidencial do PSB com o governador de Pernambuco, Um ministro de Dilma chega a brincar que ela terá de ser apresentada como a "realizática". A parceria entre Marina e Campos, dois ex-ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva, pegou de surpresa integrantes do governo Dilma. Os assessores do Planalto dizem que a presidente apostava que, sem ter conseguido registrar a Rede na Justiça Eleitoral por falta de assinaturas de apoio, Marina iria sair candidata pelo PPS.
No acordo com Campos, inda não está claro quem será o cabeça da chapa. Apoiadores tanto de Marina quanto de Campos dizem que a ex-ministra topa ficar como vice. No anúncio de anteontem em Brasília, a ex-ministra afirmou que iria "adensar o projeto de uma candidatura já posta".
Carisma e discurso. No Palácio do Planalto e no PT a avaliação é de que Marina leva para o palanque de Campos o carisma e também o problema de um discurso contra os investimentos na infraestriitura. Agora, a chapa informal PSB-Rede terá de mostrar como é possível garantir o crescimento da economia com a visão "sustentável" de Marina , diz um auxiliar da presidente. Outro problema, segundo esse assessor, é apressão dos aliados de uma possível candidata a vice que tem mais nome do que Gampos - nas pesquisas de intenção de voto, ela está logo atrás de Dilma; o governador de Pernambuco aparece mais abaixo, sem atingir dois dígitos na preferência do eleitorado.
O discurso ambiental, área de Marina, será moldado para que o governo passe a impressão de preocupação ecológica sem, no entanto, ficar paralisado.
Nas avaliações feitas pelo PT, Dilma é imbatível no discurso social, mas há preocupação com a recomposição da base no Nordeste, área de Campos.
Palanques. No PSB, a apreensão agora é com os palanques estaduais. Há resistência do grupo de Marina com alguns aliados de Campos, como a família Bornhausen em Santa Catarina e o líder ruralista e deputado federal Ronaldo Caiado, do DEM, em Goiás. "A ideia de convergência que estamos discutindo prevê que se tenha pessoas também de ideário liberal. Esse papo de esquerda e direita é antigo. Os sofismas não levam a mudar o Brasil como desejamos", afirma o deputado Beto Albuquerque, líder do PSB na Câmara.
Os dirigentes do PSB esperam que a presença de Marina traga força para o objetivo do partido de conseguir visibilidade para Gampos em São Paulo e Minas Gerais, maiores colégios eleitorais do País. A ideia é que o PSDB do senador Áécio Neves, no controle dos dois Estados, abra um "palanque duplo" para o governador de Pernambuco.
Em São Paulo, por exemplo, os dois partidos comporiam a chapa para a reeleição do governador tucano Geraldo Alckmin, mas os políticos de cada legenda defenderiam os seus candidatos próprios à Presidência. "A prioridade é o apoio ao governador Alckmin. Se não tiver palanque, teremos que pensar em alternativas", diz o deputado federal Márcio França (PSB- SP).
Os tucanos paulistas evitam admitir a abertura de um palanque duplo com o PSB, mas falam de um "esforço compartilhado" entre as legendas. "Se o PSB tiver um candidato, é natural que haja um trabalho conjunto para fortalecer as oposições", diz o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), Em São Paulo, Aécio terá o desafio de garantir o apoio real e prático do ex-governador José Serra, que não conseguiu a chancela do diretório nacional para mais uma candidatura à Presidência, mas permaneceu na legenda.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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