Surpreendente, a filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB dificulta a reeleição da presidente Dilma Rousseff no primeiro turno, como é projeto do PT, acende uma luz de alerta no PSDB e dá alento à candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que até agora não passou de um dígito nas pesquisa de opinião.
O projeto de vencer a eleição no primeiro turno já era tarefa difícil para a presidente Dilma sendo seus adversários apenas o senador Aécio Neves (PSDB), o governador Eduardo Campos e talvez Chico Alencar (PSOL). Com Marina na disputa, mesmo como candidata a vice numa chapa encabeçada por Campos, o cenário de segundo turno ganha força.
Marina e Campos protagonizam jogo eleitoral
Por Raymundo Costa e Maíra Magro
BRASÍLIA - Marina e Campos, no sábado: aliança coloca em risco planos petistas de encerrar a eleição já no primeiro turno Surpreendente, a filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB dificulta a reeleição da presidente Dilma Rousseff no primeiro turno, como é projeto do PT, acende uma luz de alerta no PSDB e dá alento à candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que até agora não passou de um dígito, nas pesquisas de opinião.
Marina anunciou sua decisão no sábado, após passar duas noites virtualmente em claro, discutindo seu destino político com aliados. "O governador Eduardo Campos está com uma responsabilidade histórica diante de todos nós, disse Marina. "Eu venho adensar uma candidatura que já está posta", acrescentou, dando a entender que pode ser candidata a vice na chapa de Eduardo Campos, decisão que ficará para ser tomada mais adiante. "Ele é o candidato. Minha filiação ao PSB é uma filiação para chancelar uma coligação", diz Marina
O movimento de Marina foi o mais importante, até agora, da pré-campanha eleitoral. Para o PSB Marina explicou que seu gesto era também um protesto contra o que chamou de "autoritarismo do PT", configurado no projeto, ainda em tramitação no Congresso, que dificulta a criação de novos partidos, e no alto índice de rejeição de assinaturas na região do ABC paulista -mais de 70%, contra a média de 23% nos cartórios de outras cidades.
Convencida de que o PT não só quer ganhar a eleição como também escolher os adversários, a ex-senadora tomou a iniciativa de procurar o PSB, após a recusa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do registro provisório para seu partido, o Rede Sustentabilidade. É bem verdade que o PSB já fizera gestos em direção a Marina: foi o partido que ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei que dificulta a criação de novos partidos, por exemplo.
Para Eduardo Campos foi importante que o ingresso de Marina no PSB tenha se dado em torno de uma carta programática, o que fortalece o discurso do partido contra alianças heterodoxas do PT. "O objetivo central da aliança entre o PSB e o Rede é aprofundar a democracia e construir as bases para um ciclo duradouro de desenvolvimento sustentável, os dois pilares da verdadeira soberania nacional", diz o texto que selou a aliança.
A filiação de Marina é o segundo movimento de peso do governador de Pernambuco, com vistas à sucessão presidencial. Antes Eduardo Campos entregou os cargos que o partido detinha no governo, inclusive o Ministério da Integração Nacional, decisão que também surpreendeu o governo e o PT.
Campos demonstrou ter o controle efetivo do partido, quando entregou os cargos. Apenas o governador do Ceará, que se desligou e se filiou ao Pros, votou contra o desligamento do PSB. Ficaram os governadores do Piauí, Paraíba, Amapá, Espírito Santo, além, é claro, o de Pernambuco. Também contrário à saída do governo, o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, ex-líder do PSB na Câmara, não compareceu à reunião em que a entrega dos cargos foi decidida.
O projeto de vencer a eleição no primeiro turno já era tarefa difícil para a presidente Dilma sendo seus adversários apenas o senador Aécio Neves (PSDB), o governador Eduardo Campos e, talvez, o deputado Chico Alencar (PSOL). Com Marina na disputa, mesmo como candidata a vice numa chapa encabeçada por Campos, o cenário de segundo turno ganha força.
No segundo turno da eleição de 2010, os votos de Marina Silva se distribuíram, mais ou menos, meio a meio entre os candidatos Dilma e José Serra. Segundo estudos do professor da USP André Singer, Dilma levou a maioria dos votos de Marina no Nordeste; Serra, das regiões Sul e Sudeste. O mais provável, agora, é que leve para Campos a maioria dos 16% que detém nas pesquisas, segundo levantamento do Ibope feito em setembro por encomenda do jornal "O Estado de S. Paulo".
Pelos números atuais, Dilma, com 38% das intenções de voto, tem mais que a soma dos demais candidatos: Marina (16%), Aécio (11%) Eduardo Campos (4%). Mas o número de pessoas que hoje dizem votar em branco ou nulo é de 31%, um eleitorado flutuantes que na eleição pode ir em maioria para a oposição. Cálculos feitos no PT estimam que a presidente, para vencer no primeiro turno, precisa puxar a aprovação de seu governo dos cerca de 40% atuais para algo em torno de 55%.
Lula deixou o governo com 83% de aprovação, e ainda assim Dilma teve de enfrentar o segundo turno, em 2010. Após os protestos de junho, a aprovação da presidente Dilma caiu de 58% para 30% nas pesquisas.
Nesse cenário, são justificáveis os esforços do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da própria presidente para manter boa relação com o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ele pode ser o fiel da balança em eventual segundo turno entre Aécio Neves e Dilma Rousseff, se ele próprio não estiver no segundo turno. No PSDB a notícia foi recebida com preocupação, pois passa a ser real a possibilidade de o PSB, ao contrário do que sucede desde 2002, ir para o segundo turno.
Fonte: Valor Econômico
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