Acordo entre os presidenciáveis garante alianças em Minas e Pernambuco, com apoio a um único candidato a governador, e pode melar intenção de Marcio Lacerda de entrar na disputa
Juliana Cipriani
Acordo fechado no início de dezembro entre o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), deve sepultar de vez a possibilidade de o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), concorrer ao Palácio da Liberdade. Os dois firmaram um pacto de não agressão que implica, em primeiro lugar, a manutenção das trincheiras de cada um. Aécio não lançará candidato ao governo de Pernambuco e Campos não o fará em Minas Gerais. O interesse comum dos dois é tirar votos da presidente Dilma Rousseff (PT), ampliando as chances de a oposição chegar ao segundo turno.
A primeira conta feita em um restaurante na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde Campos e Aécio jantaram longe dos holofotes em 8 de dezembro, foi a dos números de urna das legendas. É importante para o tucano que o PSDB concorra sozinho em Minas, para elevar a vitória de Aécio onde ele é mais forte. No estado natal, o tucano quer garantir uma frente de 4 milhões de votos em relação a Dilma. Pelos cálculos internos, concentrar a campanha em um candidato a governador com o mesmo número do nome para presidente representa um impacto de 2% a 3% na votação.
A outra questão é política: falta confiança. Depois de eleito prefeito de Belo Horizonte, Lacerda vetou as principais indicações dos tucanos para a composição de governo. Até mesmo uma articulação para escolher o presidente da Câmara Municipal foi negada. Aliados avaliam que, se o PSDB "entregar" o Palácio da Liberdade ao socialista, podem ficar vendidos na administração.
Por sua vez, Aécio deixará o caminho livre para Eduardo Campos em Pernambuco tentar vencer ou pelo menos diminuir uma vitória de Dilma, que é forte nos estados do Nordeste. Coube a Campos fazer o primeiro gesto concreto, depois do jantar que acertou, não só a questão de Minas e Pernambuco, mas uma espécie de divisão das prioridades eleitorais. O pernambucano oficializou ontem a entrada do PSDB na sua administração, concedendo ao partido a pasta do Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo e a Presidência do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Oposição. Com a entrada de um nome indicado pelo presidente do PSDB local, deputado federal Sérgio Guerra, fica consumada a adesão do partido – que até então fazia oposição a Campos na Assembleia – à futura candidatura ao governo. O PSB mineiro agora aguarda uma conversa com os tucanos no estado. A nomeação de Tiago Lacerda, filho de Marcio Lacerda, para comandar a Secretaria de Turismo e Esportes, que incorpora as funções da pasta que tratava de ações para a Copa do Mundo, não foi vista como uma nova sinalização, já que, segundo o presidente do PSB estadual, deputado federal Júlio Delgado, ele não é filiado.
Delgado diz que o PSB não exige uma pasta, pois já integra o governo de Antonio Anastasia, mas espera uma conversa institucional para resolver a situação do partido. A questão agora é se o PSB será convidado a compor chapa majoritária com o candidato tucano, ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, ou se ficará avulso. O secretário de Governo de Minas, Danilo de Castro (PSDB), afirmou ontem que as conversas entre Aécio e Eduardo Campos estão avançadas no sentido de garantir um território ameno de disputa que lhes permita uma união em um eventual segundo turno contra Dilma.
De acordo com o secretário, não interessa a nenhum dos dois enfraquecer o outro, por isso, o acordo entre eles vai se refletir nos estados de origem. Danilo de Castro confirmou que o PSDB não espera uma candidatura adversária de Marcio Lacerda em Minas Gerais. "Sendo um prefeito muito bem avaliado, ele não vai partir para uma aventura sem o apoio do Aécio e do Anastasia. Não teria chance eleitoral nenhuma", avalia.
Fonte: Estado de Minas
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