O rateio eleitoral feito pelo senador Aécio Neves (PSDB) e o governador Eduardo Campos (PSB) para viabilizar o nome de um dos dois no segundo turno das eleições contra a presidente Dilma Rousseff (PT) passa por pelo menos oito estados. Além de Minas Gerais e Pernambuco, terras dos opositores à petista, foram colocados na roda Amapá, Mato Grosso e Paraíba, que teriam prioritariamente candidaturas encabeçadas pelo PSB, e Pará, Paraná e São Paulo, que ficariam com a primazia do PSDB. O problema é que o apoio à reeleição do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), esbarrou na ex-senadora Marina Silva (PSB).
Nova aliada de Campos desde que a Rede, idealizada por ela, não conseguiu registro eleitoral, Marina rechaça a possibilidade de subir no palanque de Alckmin. Para vencer a queda de braço, ela teria concordado em ser lançada como vice de Campos ainda este mês desde que o PSB não apoiasse Alckmin. As notícias são de que Marina já teria vencido a questão. Fontes ligadas à cúpula socialista afirmam que a decisão está tomada e que o anúncio depende apenas de alguns ajustes. Pesquisas internas do PSB mostram que, tendo Marina como vice, as chances eleitorais de Eduardo Campos em São Paulo aumentam.
O deputado federal Walter Feldman (PSB-SP), muito próximo a Marina Silva, avalia que o cenário de Pernambuco é atípico. "É uma realidade local. A nossa posição é ter candidatura própria. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais estamos lutando para isso. Não ter candidatura própria é um problema porque dificulta a explicitação de um programa alternativo para o Brasil. Em Pernambuco, não temos esse problema uma vez que o governo de lá já é do PSB", explicou.
A ex-senadora compôs o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas depois de uma série de desentendimentos, inclusive com a então ministra Dilma, foi para a oposição. Assim como ela, o PSB era aliado, mas rompeu com o governo petista no ano passado por causa das pretensões eleitorais do governador pernambucano.
O combinado era o PSB ter um gesto de cavalheirismo onde o PSDB tivesse candidato e vice-versa. Só que em São Paulo, a troca parece ter melado. No dia 17 haverá no Recife um encontro informal de dirigentes nacionais do PSB. Entre outros assuntos, discutirão nomes para a vaga de Alckmin. Socialistas e tucanos já conversaram sobre a possibilidade de estarem juntos no Rio Grande do Sul, porém sem nenhum deles encabeçar a chapa. Pelas conversas, ambos apoiariam a candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo.
Durante a posse de novos secretários no Recife, incluindo a cota tucana, Eduardo Campos discursou ontem em tom de explicação da união com o PSDB. O pernambucano disse que o que está em jogo este ano não é apenas uma eleição, mas o futuro do povo brasileiro, e que é possível fazer "mais e melhor". "Não podemos ficar achando que está tudo uma beleza, pois sabemos que não está. Quem sabe ver um pouco adiante do que se apresenta na realidade hoje sabe que é hora de a gente poder guardar as conquistas de ontem e ter novas conquistas", pontuou.
Presente à cerimônia e tratado com deferência especial pelo governador, o deputado federal Sérgio Guerra (PSDB) ressaltou a importância da aliança e fez questão de relacionar o ato com a campanha nacional. Segundo o dirigente tucano, os partidos estão "somando esforços em nome de um projeto maior para o Brasil".
(Colaborou João Valadares)
Fonte: Estado de Minas
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