Para revista britânica, "economia oferece uma linha de ataque" aos adversários de Dilma na campanha deste ano
Fernando Nakagawa
LONDRES - A primeira edição do ano da revista The Economist traz uma reportagem em que afirma que o resultado das eleições presidenciais de 2014 no Brasil é "imprevisível". Ao comentar que estudos mostram que o eleitorado brasileiro quer mudanças, a publicação diz que "o espírito dos protestos de junho ainda está vivo e uma parte do apoio a Dilma Rousseff poderia derreter se uma alternativa forte emergir". A revista britânica diz que a economia será um ponto frágil na campanha à reeleição da atual presidente da República.
"A economia oferece uma linha de ataque para concorrentes. Desde que Rousseff tomou posse em 2011, o crescimento tem sido anêmico. O desemprego é baixo e, até recentemente, a renda subia mais rápido que a inflação", observa a Economist. "Mas a criação de empregos e o aumento de renda agora estão esfriando, enquanto os preços continuam subindo. As finanças públicas se deterioraram e isso não será consertado em um ano eleitoral."
Além dos temas econômicos, a revista aponta o risco de voltarem a ocorrer protestos como os de 2013, em especial durante a Copa do Mundo. Outra ameaça é a possibilidade de que pelo menos uma cidade-sede do torneio tenha de ser retirada pelos atrasos na construção dos estádios. "Isso seria um grande constrangimento."
Apesar disso, a publicação nota que Dilma retomou parte da popularidade após os protestos de junho. Além disso, os demais candidatos ao Planalto não começaram efetivamente a fazer campanha ou ainda enfrentam problemas internos. "O PSDB de Aécio Neves foi atingido por indícios de corrupção e superfaturamento em contratos públicos em São Paulo", cita a revista britânica. "Eduardo Campos segue preparando um programa com sua provável companheira de chapa, Marina Silva."
Um mês atrás, a revista publicou reportagem sobre o cenário econômico brasileiro e os efeitos do baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na campanha à reeleição de Dilma. A Economist ponderava que o País havia retomado investimentos em infraestrutura, o desemprego seguia baixo e - a renda, em alta, ainda que em menor velocidade, mas que o governo tinha "pouco espaço de manobra" no ano eleitoral. No fim de 2012, a Economist chegou a pedir a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. No ano passado, foi irônica ao dizer que ele era "um sucesso".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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