Enquanto conservadores tentam reviver ‘Marcha da Família’, anarquistas preparam ato de repúdio
Tatiana Farah
SÃO PAULO - Às vésperas dos 50 anos do golpe militar, extremistas da direita e prometem um “confronto” nas ruas de São Paulo. Nascidos nas redes sociais, grupos conservadores articulam a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade para o dia 22 de março, pedindo a volta dos militares ao poder. Para a mesma data e horário, foi marcada a Marcha Antifascista, convocando anarquistas e comunistas às ruas do centro. Os movimentos que lutam pela memória das vítimas da ditadura militar devem se mobilizar somente em 31 de março, dia que marca os 50 anos do golpe militar.
A extrema direita pede a volta dos militares e diz temer um golpe comunista. Os chamados “antifascistas” prometem levar aos conservadores “a verdadeira baderna do povão”. As convocações são feitas pela internet, por meio de diversas páginas de “evento”, algumas delas com mais de dois mil internautas inscritos.
“Vamos comemorar, gente, 50 anos da nossa revolução. Uma data bonita, histórica; e que devemos estar aqui, todos unidos, para mostrar que o gigante não dormiu.” É assim que Cristina Peviani convoca as pessoas para a reedição da Marcha da Família.
Repreendida em depoimento
Atuante nas redes sociais e apresentadora dos vídeos que defendem a marcha, Cristina foi repreendida em dezembro passado por um agente da Justiça Federal por lixar ruidosamente as unhas enquanto uma ex-presa política relatava ao juiz as torturas e abusos sexuais que sofreu na Operação Bandeirante (Oban). Ela prestava apoio aos agentes da repressão que estavam no banco dos réus.
De outro lado, grupos anarquistas e comunistas sem filiação partidária articulam a Marcha Antifascista, marcada para a mesma data também no centro de São Paulo. A página da marcha no Facebook é coordenada por Ação Antifascita Brasil e Movimento Popular Revolucionário, com mais de duas mil adesões.
“Setores ultrarreacionários querem trazer de volta a marcha fascista que deu aval ao golpe de 64 no Brasil”, diz o texto dos chamados “antifascitas", que conclui: “Já que eles querem tanto a ordem, vamos trazer para a burguesia a verdadeira ‘baderna do povão’ já que, como disse o ilustre ditador Figueiredo, ‘prefiro o cheiro de cavalos ao do povo”.
Fonte: O Globo
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