Presidente do partido Rui Falcão, que esteve reunido com Dilma e Lula, diz que se alinha com o governo em não fazer concessões ao partido aliado
Thiago Herdy
Lindbergh e Rui Falcão durante reunião do PT no Rio Fábio Rossi / O Globo - 11/10/2013
SÃO PAULO - O presidente do PT Rui Falcão disse nesta sexta-feira que o governo está decidido a não ceder à reivindicação do PMDB de ampliar sua participação no ministério petista, apesar das ameaças de retirada de apoio à reeleição de Dilma Rousseff, em outubro. No entanto, sinalizou com a hipótese de ampliar o espaço do partido em estatais.
Falcão, que nesta semana esteve reunido no Palácio da Alvorada com Lula e Dilma, disse que ambos concordam que o PMDB não deve ganhar um sexto ministério no governo federal. O petista também descartou a hipótese de retirada da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao governo estadual, como deseja o partido aliado no plano federal.
Em função de suas reivindicações por espaço, o PMDB tem travado votações no Congresso Nacional.
- Me alinho à posição da presidente de não fazer concessões dentro dos princípios que ela tem mantido no governo. (…) Não vamos ceder um novo ministério para o PMDB. Agora, concessão para discutir projeto de lei, espaço em estatal, para isso estamos abertos a negociação - disse o dirigente petista durante café da manhã promovido nesta sexta-feira pela agência de notícias EFE, em São Paulo.
Falcão defendeu a candidatura de Lindbergh ao governo do Rio, por considerar que o partido nunca teve um “candidato tão competitivo” na disputa pelo Palácio da Guanabara, por isso não poderia voltar atrás.
- No Rio nunca tivemos candidato tão forte, com tantas propostas e tanta energia como Lindbergh, que será mantido contra todas as pressões que se fizeram - disse Falcão, que contabiliza mais apoios do PT ao PMDB em disputas por governos estaduais (quatro), do que o inverso (um caso sacramentado, segundo o petista).
Sem citar o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem se posicionado de forma mais contundente a favor de uma renegociação entre governo e partido, Falcão disse estar "otimista em relação ao desenlace” da situação, mesmo que “haja essa retórica mais inflamada neste momento”.
- Eu imagino que a maioria do PMDB e os setores mais responsáveis do PMDB vão manter a aliança e vão contribuir para a eleição da presidente Dilma - disse o petista, que defendeu “calma e moderação” para resolução do problema.
Falcão avaliou como “natural” a busca de ampliação de espaços por parte dos partidos, mas disse que isso cria uma tensão para a base. Para Falcão, a ocupação de um novo ministério permitiria ao PDMB realizar novos convênios até junho, dentro do limite estabelecido em ano eleitoral, obter mais exposição pública da legenda e aprovar com mais celeridade emendas parlamentares.
- O PMDB detém ministérios importantes, como o Ministério de Minas e Energia, que tem sobre si a Petrobras, a maior empresa do país, uma das maiores empresas do mundo - afirmou o petista, justificando a negativa de atendimento ao pleito de um novo ministério.
Enquanto Falcão falava em evento, em São Paulo, o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, anunciava uma reunião de emergência com a presidente Dilma Rousseff e a cúpula do partido no próximo domingo.
Joaquim Barbosa é adversário
Perguntado sobre a possibilidade de Joaquim Barbosa vir a ser candidato a cargo eletivo nas eleições de 2014, Falcão disse que esta hipótese só poderá ser confirmada depois de 5 de abril, data limite para magistrados se filiarem a partidos políticos. No entanto, disse estar certo de que, caso isso ocorra, Barbosa e o PT estarão em campos opostos.
- Para mim é indiferente (a candidatura), porque nós não escolhemos adversários - disse Falcão.
Perguntado sobre o que pensava do comportamento profissional de Barbosa, o petista criticou:
- Como político, acho que é um bom magistrado; como magistrado, acho que é um bom político.
Questionado sobre a hipótese de Lula disputar as eleições neste ano no lugar de Dilma Rousseff, Falcão descartou a ideia.
— Temos que reeleger Dilma para Lula voltar em 2018 - disse o petista, completando acreditar que a volta de Lula em campanha presidencial daqui quatro anos “faria bem ao Brasil”, apesar das sinalizações recentes do ex-presidente de que não estaria disposto a disputar novamente cargo eletivo.
O presidente do PT voltou a defender a regulamentação da mídia, como forma de evitar a ocorrência de oligopólios e monopólios em meios de mídia eletrônica, e também a concessão de meios de comunicação para políticos. Afirmou, contudo, que a proposta deve preservar o direito à liberdade de expressão.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário