Marcos de Moura e Souza, Renata Batista e Raphael Di Cunto
BELO HORIZONTE, RIO e BRASÍLIA - O PSDB de Minas Gerais recebeu com ceticismo a mensagem de que o PMDB do Rio pretende apoiar a pré-candidatura presidencial do senador tucano Aécio Neves.
O presidente do diretório mineiro do PSB, deputado federal Marcus Pestana, defendeu cautela em relação ao papel que o PMDB de fato assumirá no Rio. "É preciso deixar o processo amadurecer. Há muito balão de ensaio nesse momento de pré-campanha", disse ao Valor o dirigente, que tem muita proximidade com Aécio.
Filho do presidente do PMDB do Rio, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) defendeu ontem que a legenda rompa com o governo Dilma e apoie Aécio.
"O Rio não votará pela manutenção da aliança nacional na convenção e, no Estado, vai discutir apoio a Aécio", afirmou ontem, em Brasília. "Vamos seguir o que foi determinado na convenção do partido [no Rio] no fim do ano, de termos um palanque único [para presidente], não múltiplo", disse.
O PMDB é aliado do governo da presidente Dilma Rousseff, que deverá ter Aécio como seu principal adversário nas eleições de outubro. "O importante é que se percebe um efetivo mal estar do PMDB com Dilma e com o PT". O partido estaria aguardando a decisão do PSDB de se integrar a aliança do vice-governador Luiz Fernando Pezão, pré-candidato do PMDB ao governo.
Pestana minimizou o eventual desgaste político de Aécio caso efetivamente receba o apoio do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito da capital, Eduardo Paes, com baixa popularidade no Estado. O dirigente mineiro disse que "não se escolhe apoio" e afirmou que a manifestação do Picciani é "bem vinda".
Outro tucano - que preferiu não ter seu nome citado - disse que ter Aécio ao lado de Cabral em um palanque "não é o ideal".
Aécio tem dedicado especial atenção ao quadro eleitoral no Rio. O PSDB não tem um candidato no Estado. Pestana afirmou que Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei, demonstrou em alguns momentos entusiasmo com a possibilidade de se lançar pelo partido, mas que a Olimpíada em 2016 no Rio, os muitos patrocínios e outros compromissos nas quadras o fizeram rever os planos.
Cabral e Aécio já tiveram relações familiares. A primeira mulher do governador do Rio é prima do senador mineiro. Segundo Pestana, é Aécio quem "está coordenando pessoalmente a estratégia no Rio, onde ele tem grande familiaridade". Em outros Estados, as costuras para a sucessão estão sendo conduzidas por outras lideranças tucanas, como em Minas, São Paulo e Paraná.
No Rio, o presidente regional do PSDB, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, negou qualquer tipo de negociação com o PMDB fluminense. "Sou oposição há sete anos e meio. Quero conversa com o PPS, com o PV, com o DEM, mas não com o governo do Cabral", disse.
Entre tucanos mais alinhados ao projeto nacional do partido, porém, a aliança não é rechaçada, inclusive porque tanto o governador Cabral quanto o prefeito Paes já foram tucanos.
O apoio ao vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é considerado natural em uma eventual disputa estadual contra o deputado Anthony Garotinho ou o senador petista Lindberg Farias. "O PT nunca se criou no Rio. Não podemos deixar que isso aconteça agora", disse uma fonte ligada ao PSDB.
Um eventual palanque nacional com o governador também não é totalmente rejeitado. "Não é ideal. Tem esses problemas de imagem, mas todos reconhecem que fez um bom governo. E tem o Pezão, que tem a cara da eficiência", resumiu essa fonte.
O PMDB do Rio está insatisfeito com o PT, que lançou o senador Lindberg Farias, a despeito da pressão de Cabral para que os petistas apoiassem seu vice. "Há o sentimento, nas bases do PMDB do Rio, de que a economia não vai bem, temos que avançar mais e de que é hora de alternância de poder", disse Leonardo Picciani.
Fonte: Valor Econômico
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