quarta-feira, 12 de março de 2014

Blocão da Câmara decide votar por requerimento da Petrobras e convocação de ministro

Grupo decide também votar contra o texto do governo para o Marco Civil da Internet

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - Os oito partidos que formam o chamado "blocão" fizeram um desagravo, durante almoço, ao líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), e decidiram tentar aprovar na noite desta terça-feira o requerimento que pede investigação sobre a atuação da Petrobras na Holanda. O grupo tentará ainda aprovar a convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, nesta quarta-feira, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.

Na saída, o líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), falou em nome dos demais e disse que houve um apoio a Cunha, diante da tentativa do PT e do Palácio do Planalto de isolá-lo dentro da Casa.

- Teve desagravo ao Eduardo, diante forma muito estúpida como foi tratado. O Eduardo está sendo injustiçado e foi provocado de forma muito forte pelo PT - disse Arantes, afirmando que isolar Eduardo é "isolar a todos (os demais partidos)".

Outra decisão tomada foi de votar contra o texto do governo para o Marco Civil da Internet, o que significa, na prática, não votar a proposta. No caso da convocação dos ministros, a ideia é focar em Chioro, mas aprovar outros pedidos de convocação, caso seja possível. Participaram do encontro líderes ou representantes de PMDB, PR, PP, PTB, PROS, PDT, PSC e Solidariedade (SDD).

Mas Arantes foi mais diplomático do que o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), ao falar das estratégias do blocão.

- A maioria dos parlamentares dos nossos partidos quer aprovar a convocação de Chioro, mas cada partido vai conversar isso individualmente agora. Terei reunião da bancada. Mas a maioria quer, acredito - disse.

Aprovação certa
Já Paulinho e o líder do SDD na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), disseram que a aprovação do requerimento estava certa. Há vários requerimentos de convocação, um do próprio Francischini, sobre a viagem do ministro a Bahia durante o Carnaval, com recursos públicos. Outro é do líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), sobre o programa Mais Médicos.

- Queremos aprovar o requerimento da Petrobras, a convocação de Chioro e votar contra o Marco Civil da Internet. Queremos o texto original e não o texto do Alessandro Molon (PT-RJ) - disse Paulinho.

Na reunião, segundo participantes, os partidos desistiram de tentar criar uma CPI da Petrobras. A decisão de apenas aprovar o requerimento é vista como uma forma de pressionar o governo, dando uma derrota política importante.

Jovair Arantes disse ainda que a comissão deve ser aprovada, mesmo sem existir investigação na Holanda, e reagiu à declaração do líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), de que os deputados queriam "passear".

- A Câmara é obrigada a dar uma resposta sobre as notícias da Petrobras. Não é ruim passear; o PT já passeou no Haiti - disse o deputado petebista.

Durante o encontro, houve várias reclamações sobre a forma como a presidente Dilma Rousseff vem tratando a Câmara. Os relatos foram de que o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), manteria o requerimento da Petrobras como primeiro item da pauta, mesmo com a pressão do Palácio do Planalto. O líder Eduardo Cunha participou do encontro, antes se reunir sua bancada na Câmara.

Fonte: O Globo

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