Deputados aprovaram também parâmetros de comportamento do partido na Câmara, acenando com uma declaração de independência nas votações
Paulo Celso, Isabel Braga e Cristiane Jungblut
BRASÍLIA - Por unanimidade, a bancada do PMDB na Câmara aprovou no início da tarde desta terça-feira uma moção de apoio ao líder do partido, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em evidente resposta à tentativa do Palácio do Planalto de isolar o deputado, mais de 50 peemedebistas avalizaram o texto que qualifica os ataques a Cunha como se fossem ao partido.
"Os ataques ao nosso líder são ataques ao PMDB. A bancada manifesta sua solidariedade ao deputado Eduardo Cunha e reafirma a confiança nele depositada", diz o texto.
Na nota, os peemedebistas afirmam ainda que a "harmonia e coesão" da bancada" incomodam outras forças políticas que flertam com projeto hegemônico de poder". Segundo eles, essas forças políticas "têm tributado ao nosso líder (...) ataques e agressões que extrapolam o patamar da civilidade em quaisquer das relações, e, particularmente, nas relações políticas onde o respeito e a cordialidade são fundamentais e imprescindíveis à democracia”.
Além da moção de apoio a Eduardo Cunha, os deputados aprovaram também uma nota que estabelece alguns parâmetros de comportamento do partido na Câmara, acenando com uma declaração de independência nas votações. Segundo o deputado Leonardo Picciani (RJ), o debate na reunião fechada foi muito tenso, com muitas críticas ao vice-presidente Michel Temer, por causa de suas declarações de ontem de que a aliança nacional com o PT está "garantidíssima".
A nota tem cinco pontos, entre eles: a interlocução com a bancada do PMDB da Câmara deve ser feita somente por meio do líder Eduardo Cunha; a bancada não indicará novos nomes para substituir ministros do governo Dilma; vai analisar todos os projetos do governo em tramitação, antes de qualquer compromisso com a votação; e pede a convocação da Executiva Nacional do partido para discutir a atual crise. É, na verdade, mais um documento de desagravo ao líder Eduardo Cunha, por ele ter sido "vítima de agressões despropositadas do PT".
- Trata-se de uma declaração de independência - disse Picciani.
Eduardo Cunha já antecipou sobre o relacionamento com a presidente Dilma:
- Se ela quiser ouvir a bancada da Câmara, vai ter que ouvir a bancada.
Ao chegar nesta tarde na Câmara, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) disse que está mantido como primeiro item da pauta nesta terça-feira o requerimento requerimento de criação da comissão externa para investigar denúncias contra a Petrobras na Holanda.
- Essa pauta já é de quinze dias atrás. É o primeiro item da pauta de hoje - afirmou Alves.
Após reunião de Henrique Alves com líderes partidários, a maioria decidiu pôr em votação hoje à noite no plenário o requerimento. A expectativa é que este seja o primeiro item da pauta da sessão extraordinária.
Na reunião, o líder do governo, Arlindo Chinaglia, apelou, argumentando que dirigentes da Petrobras irão ao Congresso amanhã, para prestar todos os esclarecimentos, mas não convenceu a maioria dos líderes.
- Espero que se pense na importância da Petrobras - disse Chinaglia.
Mais cedo, indagado sobre a tentativa do governo ou até do PMDB de isolar o líder do partido Eduardo Cunha, Henrique Alves disse:
- Não é possível isolar o líder de uma bancada de 76 deputados. Pode haver, às vezes, dificuldade.
Mas isso não passa pela cabeça do PMDB.
Alves também comentou a frase da presidente Dilma Rousseff de que a relação com o PMDB "só dá alegrias":
- A relação é sim alegre. É lógico que em um governo desse tamanho e numa relação entre dois partidos tão grandes há problemas. Mas a relação com ela (Dilma) está boa.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário