Organizações estudantis convocam mobilização quando se completa um mês das manifestações contra Maduro
Presidente reagiu e disse que os opositores não entrarão no centro de Caracas
Agências internacionais
CARACAS — Organizações estudantis da Venezuela convocaram uma grande mobilização para quarta-feira, no centro de Caracas, quando se completa um mês das manifestações contra o governo do presidente Nicolás Maduro, que terminaram até agora em 23 mortos em todo o país. Maduro reagiu à medida afirmando que os opositores não entrarão no centro de Caracas.
— Não vou deixá-los entrar. Estão com um plano violento e seria louco se permitisse isto — disse o presidente na estreia de seu programa de rádio “Em contato com Maduro”.
A mobilização foi marcada para o mesmo lugar onde, no sábado e segunda-feira, as forças de ordem impediram a realização de manifestações.
— O movimento estudantil faz uma convocação nacional para 12 de março, com concentração na Praça Venezuela, de onde marcharemos até a Defensoria do Povo — afirmou Carlos Vargas, dirigente estudantil da Universidade Católica Andrés Bello, que promove o protesto junto com outros representantes de distintos estabelecimentos de ensino.
A passeata corre o risco de cruzar com a marcha chavista de jovens e estudantes, convocada nesta terça pelo ministro da Educação, Héctor Rodríguez.
— Apelamos à consciência dos venezuelanos para que não nos abandonem nesta luta. Por isso, convocamos os trabalhadores, as mães, os pais, os sindicalistas, os sindicatos — acrescentou Juan Quintana, da Universidade Humbolt.
Há um mês, no dia 12 de fevereiro, após um apelo das organizações estudantis, Caracas foi tomada por um dos maiores protestos opositores da história, acompanhado por manifestações em San Cristóbal (oeste) e em outras cidades do país.
O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reafirmou na terça que o governo enfrentou uma tentativa violenta de golpe, que já foi neutralizada.
— Vim representando Maduro, que, como todos sabemos, está enfrentando uma tentativa violenta de golpe que já neutralizamos — declarou aos jornalistas ao chegar no Chile, para a posse de Michelle Bachelet.
O chefe de Estado venezuelano suspendeu de última hora sua viagem para participar na cerimônia de posse.
A Venezuela rejeitou a mediação externa por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), mas aceita uma reunião dos países da União Sul-americana de Nações (Unasul) para tratar da situação no país. Essa reunião de chanceleres da Unasul foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff, que também viajou ao Chile.
“Os presidentes ordenaram a seus ministros das Relações Exteriores que celebrem uma reunião amanhã (quarta-feira) para criar uma comissão (...) para que o diálogo construa um ambiente de acordo, de consenso e de estabilidade na Venezuela”, indicou Dilma, segundo um comunicado difundido nesta terça-feira pelo governo brasileiro.
Na reunião, os chanceleres analisarão os fatos de violência ocorridos na Venezuela há duas semanas devido aos protestos em favor ou contra o governo de Nicolás Maduro.
— Nós sempre vamos procurar a ordem democrática — acrescentou Dilma.
Fonte: O Globo
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