Marina Silva confirma a pré-candidatura à Vice-Presidência da República na chapa de Eduardo Campos e presidenciável do PSB promete evitar que a estatal "se transforme em um caso de polícia". Problemas na empresa reforçam o discurso dos opositores ao governo de Dilma Rousseff
Paulo de Tarso Lyra, Naira Trindade e Denise Rothenburg – Correio Braziliense
O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, fez festa ontem em Brasília para anunciar a chapa com a ex-senadora Marina Silva (PSB) como vice. No evento, ele atacou o governo federal e voltou a artilharia para os problemas na Petrobras, que é alvo de investigações do Ministério Público, da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União e estará na mira da comissão parlamentar de inquérito (CPI) em gestação no Congresso. “Não vamos permitir que a Petrobras se transforme em um caso de polícia.” Eduardo reforçou o discurso, entoado pelo também presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), de que a estatal tem perdido valor de mercado. “O Brasil não pode achar normal uma empresa como a Petrobras, que, em 2010, valia R$ 458 bilhões, valer hoje R$ 185 bilhões”, disse Eduardo.
O socialista rebateu o discurso do pelo PT e do Palácio do Planalto de que a intenção da oposição é atacar a Petrobras e a importância que a empresa adquiriu nos últimos anos, especialmente após a descoberta do pré-sal: “Não é um olhar para diminuir um esforço brasileiro para a construção da Petrobras. Aos erros, a lei. Às instituições, capacidade para produzirem para a sociedade”. “Quero levar uma palavra de confiança às tantas pessoas que fazem a empresa. Nós vamos fazer a diferença na Petrobras”, declarou.
No evento de ontem, Eduardo Campos lembrou que a aliança dele com Marina dará certo porque ambos têm história e “caminhada” para apresentar. “O Brasil vai conhecer o país que todos nós queremos.” Também comentou os ataques que vem sofrendo dos adversários, sobretudo do PT. “Àqueles que estão nervosos, digo que podem ficar tranquilos, porque vamos para o debate no campo das ideias. Eles estão nervosos porque sabem que nós sabemos o que fazer”, completou. O presidenciável prometeu também manter o Bolsa Família, mas adiantou que é preciso terminar com o que classificou de “terrorismo eleitoral” promovido pelo PT. Segundo Eduardo, o partido costuma dizer que “se fulano perder ou fulana perder a eleição, ele (o Bolsa Família) será extinto”.
Apesar de pregar a manutenção do programa de transferência de renda, Eduardo e Marina adotaram a linha de discurso da mudança nas demais políticas adotadas atualmente. O socialista lembrou que, em 1984, as pessoas foram às ruas para pedir eleições diretas, e o Congresso, “de costas para a rua”, derrotou a proposta. Em 1992, mais uma vez, os jovens se manifestaram contra “um presidente que rasgou a Constituição”. Segundo Eduardo, o país vive o mesmo momento atualmente. “A primeira parte da mudança aconteceu nas ruas, em junho do ano passado. A segunda parte acontecerá nas urnas, em outubro deste ano”.
Marina reforçou os argumentos do parceiro e, apesar de ainda aparecer à frente de Eduardo nas pesquisas de intenção de voto, mostrou-se bem à vontade na chapa. “Estamos aqui para anunciar a nossa aliança. Você, como candidato a presidente. Eu, como candidata a vice.” Marina, que levou o pai, Pedro, e os filhos para o evento — Eduardo fez o mesmo, incluindo o caçula, Miguel, tem que pouco mais de 2 meses —, comemorou que os principais pontos apresentados na campanha de 2010 estavam contemplados no programa partidário PSB-Rede. “A política não pode ser pautada pela governabilidade com base na distribuição de cargos.” E, dirigindo-se a Campos, assegurou: “Estamos na luta com você. Vamos andar por este Brasil inteiro para discutir educação, saúde e infraestrutura, para construirmos o Brasil que queremos”.
Projeções
Estrategistas da campanha comemoraram a solenidade de ontem, embora não vejam, a curto prazo, mudanças no cenário eleitoral. Entretanto, eles apostam que 90% dos eleitores ainda não sabem que Eduardo e Marina estão juntos e que, quanto mais essa aliança for massificada, maior a chance de crescimento do pré-candidato nas pesquisas de intenção de voto. Segundo integrantes do staff do socialistas, pesquisas qualitativas apontam que, entre os eleitores que conhecem bem os três principais pré-candidatos (Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos), o ex-governador de Pernambuco aparece em vantagem.
Coordenador do programa de governo do socialista, o ex-deputado Maurício Rands confirmou que serão feitas mais quatro oficinas para expandir as propostas levantadas durante os primeiros seminários programáticos. O primeiro acontecerá no fim de abril, provavelmente em São Paulo. A ideia é fechar esse ciclo até junho, para que, durante a convenção que confirmará a chapa presidencial possam ser apresentadas as propostas formatadas por Eduardo e Marina.
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