terça-feira, 15 de abril de 2014

Eduardo Campos diz que Brasil parou no governo Dilma

PSB formaliza chapa para eleições deste ano. Partidários avaliam que lançamento oficial vai permitir que a campanha deslanche

Isabel Braga e Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA - Em um evento para cerca de mil pessoas, o PSB formalizou nesta segunda-feira a chapa do ex-governador Eduardo Campos como candidato à presidência tendo a ex-senadora Marina Silva como sua vice. A aliança começou a ser costurada seis meses atrás, quando a Rede Sustentabilidade, grupo político de Marina, não conseguiu ser oficializada como um partido político pelo Tribunal Superior Eleitoral. A formalização da chapa tem como objetivo principal tentar acelerar o processo de transferência de votos da senadora para o ex-governador, que ainda não conseguiu crescer significativamente nas pesquisas eleitorais.

— O Brasil perdeu o rumo estratégico. Dizia que ia para um lado e ia para o outro. Foi perdendo seus fundamentos macroeconômicos, na inclusão social. E a gente viu que esse processo nos conduziu ao cabo de três anos a um diagnóstico que é voz corrente: o Brasil parou, o povo perdeu a fé. E nós não podemos deixar o povo brasileiro desanimar da nossa luta — afirmou.

Em um discurso de mais de meia hora, Marina deixou claro que nem todos os problemas da aliança já estão superados e que a construção da parceria com Campos vem sendo um longo processo, mas ressaltou que não deixaria de aceitar ser vice por vaidade:

— Quem viveu essa experiencia (de vida que vivi) jamais trocaria o futuro dos brasileiros por vaidade, por veleidade política. Não se colocará à frente, porque aprendeu que numa mata virgem com animais ferozes é preciso ir sempre ao lado de um bom mateiro. Não se colocará atrás, mas se colocará ao lado. E estou aqui para me colocar ao lado de você — afirmou Marina.

Eduardo Campos e Marina Silva entraram juntos no salão do Hotel Nacional por volta das 15h15, aos gritos dos militantes: "Brasil, não desanima, a solução é Eduardo e Marina". Campos e Marina levaram ao evento seus familiares - incluindo os cinco filhos dele e os quatro dela - além dos aliados do PSB e da Rede, além de representantes do PPS, PDT, PROS e PPL.

O pianista Arthur Moreira Lima executou uma versão do Hino Nacional e coube ao escritor Ariano Suassuna, que chegou um pouco atrasado, a maior salva de palmas. O poeta Antônio Marinho leu um texto de cordel e Suassuna fez uma das falas mais aplaudidas.

Já no início do evento, foi lida uma carta de princípios da futura campanha, na qual asseguram que rejeitarão ataques aos demais candidatos. No entanto, já numa fala inicial o economista Eduardo Gianetti, na segunda fala do dia, fez uma crítica à presidente Dilma Rousseff.

— O Brasil está cansado da polarização PT versus PSDB. Eles já deram o que tinham de dar. O Brasil não quer mais do mesmo, quer diferente. Nós somos os portadores dessa esperança nessa eleição. O governo Dilma frustrou avanços construído a duras penas no governo FH e no primeiro do presidente Lula. É um governo repleto de paradoxos — afirmou o economista.

Lançamento deve fazer candidatura deslanchar, avaliam correligionários
Na avaliação dos partidários do PSB, a formalização vai permitir que a campanha deslanche.

— A transferência de votos nunca é total, mas eu acho que será substancial. Hoje é o lançamento da pré-campanha. É uma chapa cheia de potencialidade. Uma chapa que tem uma dose correta de compromissos com as conquistas de Fernando Henrique e Lula, mas também de renovação, de uma gestão mais eficaz — disse o deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ).

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também acredita que haverá migração de votos de Mariana para Eduardo Campos com a formalização da campanha.

— A grande pesquisa, que é o dia da eleição, vai mostrar que estávamos certos quando optamos pelo caminho da coerência e da mudança, por defendermos os valores que são raros na política, como a ética — disse Rollemberg.

A ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon, pré-candidata ao Senado pela Bahia, disse que está gostando do novo desafio na política.

— Estou conhecendo bem a Bahia, conhecendo gente, conhecendo bem a economia e vendo como o governo atrapalha a economia. É difícil. Eu preciso trabalhar muito, porque sou desconhecida — disse Eliana Calmon, reforçando: — Hoje é o dia D. A partir de agora vamos deslanchar.

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