- Valor Econômico
A queda na avaliação da presidente Dilma Rousseff, o racionamento, a inflação, os protestos e o ainda baixo conhecimento dos candidatos de oposição afetam as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff. O contrapeso é o tempo maior de TV, o desconhecimento do Plano Real e a descrença da população na capacidade da oposição em debelar a inflação.
A avaliação foi apresentada ontem no seminário da Macrovision pelo diretor do Instituto Análise, Alberto Almeida.
Depois de estudar 104 eleições para governador desde 1994, considerando a avaliação de "ótimo" e "bom" para o candidato na véspera do 1º turno, Almeida disse: "Se me perguntassem hoje diria que, baseado nesse estudo, as chances de Dilma ser reeleita são levemente menores do que perder a eleição." Almeida diz que Dilma atualmente está na faixa dos que podem ganhar ou perder.
Para o consultor político, é possível elevar o nível de aprovação durante a campanha. Almeida diz que o cruzamento de dados mostra alta correlação entre a avaliação do governante e a destinação do voto. Na eleição de Lula, por exemplo, cerca de 90% dos que avaliaram o ex-presidente como "ótimo" declararam voto nele. Entre os que avaliaram como "bom", o índice foi de 81%. Para quem avaliava como regular, foi de 33%.
Segundo Almeida, os níveis de insatisfação com o governo Dilma ainda não estão se refletindo em intenção de voto para os pré-candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) porque eles não são suficientemente conhecidos. Segundo previsão baseada em pesquisa de dados pretéritos, prossegue Almeida, a conversão da insatisfação para a destinação de votos aos candidatos da oposição já está "contratada": "Quando os candidatos da oposição vão crescer, não sei, isso está contratado, isso irá acontecer"
A lenta deterioração da economia pode comprometer a reeleição, mas há um empecilho para que o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, capture a insatisfação do eleitor: o desconhecimento do Plano Real. Segundo Almeida, 40% do eleitorado tem entre 18 e 35 anos e, portanto, não votava quando a nova moeda estabilizou o país em 1994. Indagados sobre que reação teriam se "Aécio, Serra ou o PSDB forem à TV para dizer que são capazes de reduzir a inflação", 58% disseram que não acreditariam.
A popularidade do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 2001 caiu 12 pontos percentuais depois que começou o racionamento. "O mesmo pode acontecer com Dilma se houver racionamento? Sim e não", diz. Almeida afirma que no racionamento de 2001 houve punição a consumidores residenciais, que tiveram metas de corte de consumo. "Não gostamos de punição, é uma questão cultural."
No ano passado, lembra, a popularidade de Dilma foi afetada pela inflação de alimentos e pelos protestos. Almeida diz, porém, que as manifestações não afetam necessariamente somente o governo federal, mas todos em cargos executivos. Um fator que favorece Dilma, diz, é o tempo de TV e rádio que deve ultrapassar o dobro do tempo disponível para Aécio e Campos juntos.
Entre Aécio e Campos, o consultor acredita que o ex-governador e senador mineiro tem mais possibilidade de converter em voto a insatisfação em relação à Dilma. "Aécio tem mais potencial de crescimento porque é mais de oposição, o que o torna mais forte no primeiro turno. A linha de largada do Aécio está na frente com maior solidez que a de Eduardo Campos."
Um fator que desfavorece a candidatura de Campos é a rivalidade entre os Estados nordestinos, que pode render votos para ele em Pernambuco, mas não no mesmo nível na Bahia, exemplifica. Para ele, Aécio deve crescer com piora na avaliação de Dilma. "Aécio tem um segmento claro. Eduardo não. Eduardo ficou oito anos no governo Lula e participou do governo Dilma. O candidato mais segmentado sobrevive mais ao ataque do que o não segmentado. E Aécio é mais oposicionista do que Eduardo Campos." Campos, diz ele, tem a seu favor o fator Marina Silva. "Mas as vantagens mais sólidas estão do lado do Aécio."
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