Cristiane Agostine – Valor Econômico
SÃO PAULO - Presidente nacional do PSDB e pré-candidato do partido à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) defendeu ontem uma aliança entre seu partido e o PSB em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Para Aécio, o acordo entre as duas legendas no Estado é "natural" e tem apoio do comando nacional do PSDB.
A defesa se dá em meio a gestos do presidente nacional do PSB e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos, de romper acordos com o PSDB em importantes colégios eleitorais. Em Minas Gerais, Estado de Aécio, o PSB deve lançar candidato próprio, contrariando pacto de não agressão com os tucanos.
Aécio reuniu-se ontem com o governador de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), na sede do governo paulista, e o orientou a manter as negociações com o PSB.
"Quaisquer que sejam as alianças que o governador Alckmin conduzir, terá o nosso absoluto apoio. Ele tem feito essas conversas, até porque são naturais, com o PSB e outras forças políticas", disse Aécio. "Já disse meses atrás que considero natural o PSB continuar onde estava. E onde o PSB sempre esteve em São Paulo? Ao lado do governador Alckmin", afirmou, referindo-se à sigla que integra a base aliada de Alckmin.
Em São Paulo, o PSB está dividido em relação ao apoio a Alckmin. O presidente estadual da legenda, deputado Márcio França, é o principal defensor da aliança. França, que já foi secretário de Turismo da atual gestão estadual, é cotado para ser vice de Alckmin. A negociação no Estado esbarra na ex-senadora e pré-candidata a vice na chapa de Campos, Marina Silva, que é contrária ao apoio e defende o lançamento de um nome do partido no Estado. Para a ex-senadora, seria contraditório defender a renovação na política no campo federal e estar no mesmo palanque que o PSDB, que está há cinco gestões consecutivas em São Paulo.
Ao mesmo tempo em que negocia com o PSB, Alckmin tenta também atrair o PSD, que poderia ser vice em sua chapa. Depois da reunião com Aécio, o governador conversou com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Os dois reuniram-se antes de evento no Palácio dos Bandeirantes.
Na sede do governo paulista, Aécio disse que planeja anunciar na próxima semana o apoio de partidos nanicos à sua pré-candidatura. O PMN deve ser a primeira dessas legendas a selar o acordo. O tucano negocia com PTN, PTC, PSL, PTdoB e PEN, que devem render 20 segundos no tempo de televisão.
O pré-candidato presidencial disse ter conversado ontem com a presidente nacional do PMN, Telma Ribeiro. Apesar de comemorar o apoio dos partidos nanicos, Aécio é um dos principais defensores no Congresso da cláusula de barreira, que acabaria com as legendas com pouca representatividade no Legislativo.
Aécio desconversou ao ser questionado sobre a reunião com Alckmin em pleno expediente do governador, na sede do governo paulista, para tratar de eleições, e afirmou ter discutido temas nacionais, como segurança pública e dívida dos Estados.
O tucano disse que o encontro com Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, marcado para as 15h, foi distinto da reunião que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram em Brasília, no Palácio do Alvorada, em março. Na ocasião, Aécio criticou o uso da sede do governo federal para o encontro e recorreu à Justiça Eleitoral. "Eu passei na hora do almoço. Essa talvez seja a principal diferença", disse, em entrevista concedida depois da reunião, por volta das 16h30. "Não estamos falando de uma reunião eleitoral, com marqueteiro, sobre estratégia de campanha. É a visita do presidente do partido do governador ao governador", afirmou. "Não se pode fazer do palácio do governo um cenário de debates eleitorais. A visita do presidente do partido é absolutamente natural".
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