- Folha de S. Paulo
A adesão aos protestos da superquinta (15) foi baixa. Mas os efeitos causados foram semelhantes aos produzidos pelos atos de junho do ano passado. Ruas e estradas fechadas. Patrimônio público e privado depredado. Cidadãos com medo de sair de casa. E continua no ar aquele sentimento difuso de antipolítica.
Há também uma certa atitude de "empoderamento" de grupos pequenos. Ontem, cerca de cem pessoas paralisaram por várias horas a rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba. Eram moradores de bairros próximos pedindo a construção de uma passarela e retornos.
Há algo bem errado quando cidadãos só conseguem impor seus direitos na marra. É enorme o descompasso entre a vida "da porta para dentro" (muitos têm eletrodomésticos, desfrutam do Bolsa Família e vivem melhor) e a selvageria "da porta para a fora" (ônibus imundos e lotados, insegurança, péssimos serviços de saúde e educação).
Ontem, havia alívio no Palácio do Planalto. O "povo faltou aos protestos" e "o responsável pelo fechamento de estradas é o governador de cada Estado" eram frases ouvidas nos corredores do poder. É verdade. Mas nada consola quem fica parado numa rodovia ou ameaçado no centro da cidade durante um quebra-quebra.
O governo é sempre visto como responsável. Seja prefeito, governador ou presidente. Esse é o ponto. As marchas não têm grande adesão popular, só que vão continuar a acontecer. As consequências serão sentidas nos grandes centros.
O sentimento antipolítica continua inalterado. Os alvos são os governantes que buscam a reeleição, como Geraldo Alckmin (PSDB), no Estado de São Paulo, e Dilma Rousseff (PT), no Palácio do Planalto.
Embora em tom soturno, quase lúgubre, a recente propaganda do PT na TV visa a manter firme o eleitorado ainda cativo de Dilma. No governo, todos acham que vai funcionar. Se vai mesmo, ninguém sabe.
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