• Tucano volta a criticar propaganda petista e diz que partido ‘não tem moral’ para falar em combate à corrupção
Silvia Amorim – O Globo
SÃO PAULO - O discurso apresentado pelo PT no programa partidário veiculado nesta quinta-feira na TV é uma "balela" e expõe o medo de uma derrota nas eleições deste ano. A avaliação foi feita pelo pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, em palestra na manhã desta sexta-feira para empresários na Câmara Americana de Comércio (Amcham) em São Paulo. Aécio usou até o episódio do mensalão para contestar a propaganda petista
- Depois de 12 anos o que eles têm a nos oferecer é o medo? O que eu vi ontem foi o partido do mensalão falando em combater a corrupção. Vi inúmeras obras de mobilidade mas nenhuma concluída pela incapacidade do atual governo. Um partido que fala em medo quando o medo é eles que têm hoje de perder a eleição - discursou o senador.
O presidenciável ironizou o desfecho do discurso petista no programa partidário. Primeiro, chamou a peça de "propaganda eleitoral" e depois falou que o adversário "chegou a uma conclusão curiosa".
- De que para mudar é melhor deixar tudo como está. Já eu quero mudar tudo - disse Aécio.
O senador também respondeu à comparação feita no programa sobre o histórico da inflação na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff. Os números apresentados na TV ontem apontaram que nos oito anos da gestão tucana a média de inflação foi de 9% ao ano, enquanto, nos três primeiros anos do governo Dilma, ela foi de 6%.
- É uma fraude intelectual do PT porque eles sabem como era o governo do presidente Fernando Henrique. Nós pegamos a inflação em 80% ao mês. Isso é desrespeito à população. É fazer pouco da inteligência dos brasileiros.
No discurso para os empresários, Aécio voltou a se comprometer com uma reforma tributária e defendeu mais uma vez a cláusula de barreira para os partidos políticos, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal. O mecanismo previa que partidos que não atingissem um mínimo de votação nas urnas não tivessem acesso aos recursos do fundo partidário e a tempo no rádio e na TV. A regra foi aprovada pelo Congresso e poderia levar ao fim de várias siglas pequenas, como aquelas com as quais Aécio está negociando apoio neste ano, como PTN, PTC, PSL, PT do B, PEN e PMN.
O senador negou, em entrevista, que houvesse incoerência entre o que prega em discurso nesse assunto e o que faz na prática.
- A regra atual é essa (sem cláusula de barreira). Amanhã eu torço para que esses partidos (nanicos) possam sobreviver.
Apoio do DEM
Mais tarde, em encontro com a ala paulista do DEM, o pré-candidato do PSDB pediu nesta sexta-feira o apoio do partido para a eleição nacional e deixou a reunião com um aceno favorável do histórico aliado. Em discurso para parlamentares e lideranças do DEM no estado, Aécio defendeu não haver distinção entre tucanos e democratas.
- Tucanos e democratas são a mesma coisa, somos o mesmo bicho querendo devorar e vencer aqueles que vêm infelicitando o Brasil, trazendo o medo de volta.
Peço a cada um de vocês, vamos fazer essa caminhada juntos - discursou o senador.
Antes dele, o senador José Agripino Maia, presidente nacional do DEM, e outras lideranças fizeram pronunciamentos em favor da continuidade da parceria entre PSDB e DEM.
- Sempre me sinto em casa com o PSDB. São pessoas com quem não tenho medo de enfrentar o futuro - afirmou Agripino.
Mas o senador destacou que não há anúncio de aliança com Aécio por enquanto. A cautela é para que negociações de alianças entre os dois partidos em alguns estados tenham um desfecho a contento.
- Não é anúncio oficial, mas uma reunião de amigos. Estamos avaliando a situação estado por estado. Nossa aliança no quadro nacional não está ainda anunciada. A disposição é completa, mas estamos fazendo um trabalho de ourives - explicou Agripino.
Aécio tem, até agora, o apoio formal apenas do Solidariedade (SDD). Ele também negocia, com a ajuda do governador Geraldo Alckmin (PSDB), uma aliança com um grupo de legendas nanicas, que acompanharão Alckmin na sucessão estadual. São seis partidos (PTN, PTC, PSL, PT do B, PEN e PMN), que, juntos, dariam cerca de 20 segundos no horário eleitoral ao tucano.
Estimativas preliminares dão conta de que Aécio terá pouco mais de 4 minutos, a presidente Dilma Rousseff, cerca de 13 minutos, e Eduardo Campos (PSB), quase três minutos por dia de propaganda na TV e no rádio.
Em uma reunião reservada que teve antes do encontro público com o DEM, Aécio disse a representantes do histórico aliado que anunciará o vice até o próximo dia 10. A convenção do PSDB que oficializará a candidatura de Aécio está marcada para 14 de junho.
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