Ó minha amada 
Que olhos os teus 
São cais noturnos 
Cheios de adeus 
São docas mansas 
Trilhando luzes 
Que brilham longe 
Longe nos breus... 
Ó minha amada 
Que olhos os teus 
Quanto mistério 
Nos olhos teus 
Quantos saveiros 
Quantos navios 
Quantos naufrágios 
Nos olhos teus... 
Ó minha amada 
Que olhos os teus 
Se Deus houvera 
Fizera-os Deus 
Pois não os fizera 
Quem não soubera 
Que há muitas eras 
Nos olhos teus. 
Ah, minha amada 
De olhos ateus 
Cria a esperança 
Nos olhos meus 
De verem um dia 
O olhar mendigo 
Da poesia 
Nos olhos teus.

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