• Petistas posaram para foto ao lado do deputado do PP, repetindo cena polêmica na eleição municipal de 2012. Dessa vez, porém, Lula não apareceu
• Acordo garante mais 1min15 para programa do pré-candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha
Tatiana Farah - O Globo
SÃO PAULO - Chamando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “grande estadista” e afirmando que a presidente Dilma Rousseff será reeleita no primeiro turno, o deputado Paulo Maluf selou nesta sexta-feira a aliança do PP com o petista Alexandre Padilha, que concorrerá ao governo paulista. Petistas e Maluf posaram para fotos sem constrangimentos na Assembleia Legislativa, repetindo as cenas polêmicas da eleição municipal, quando Maluf recebeu em sua casa Lulae o então candidato Fernando Haddad. Dessa vez, o ex-presidente Lula não participou da foto.
O acordo deve render 1min15 a mais para o programa de TV de Padilha. A expectativa é que o petista tenha mais tempo de televisão do que Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição. A estratégia é importante para fazer com que o ex-ministro seja mais conhecido pelo eleitorado de São Paulo.
Para Padilha, a aliança seria alvo de críticas de quem, “até quatro dias atrás”, esperava uma aliança com o PP. O petista se referia à participação do partido de Maluf no governo de Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB. Ontem, correligionários de Maluf deixaram o governo tucano. O deputado, que responde a processos por corrupção e crimes financeiros, “rifou” rapidamente os ex-aliados tucanos, criticando a segurança pública e a falta de investimentos no sistema de abastecimento de água:
— Quando se diz que falta água na cidade de São Paulo porque falta chuva, isso é uma masturbação paraguaia. Falta água na cidade de São Paulo porque não foram buscar nos devidos mananciais e porque a rede da cidade de São Paulo é uma peneira: 30% do que se capta é perdido. Há 20 anos essa rede está furada e há 20 anos não se troca esse rede no governo dos tucanos.
Aplaudido pelos petistas, Maluf brincou com as suposições de que o segundo turno presidencial seria disputado por Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB):
— Sonhar é gratuito. Eu tenho 22 eleições, entre as que disputei e apoiei, e não me iludo. Eleição você faz com imagem e com mensagem, a presidente Dilma tem imagem e, para a mensagem, vai ter quase 14 minutos de televisão contra quatro minutos de Aécio e dois de Eduardo Campos_ disse Maluf, afirmando que, ao todo, Dilma terá 600 inserções em comerciais TV, mais que a soma de grandes anunciantes, como "Casas Bahia, Petrobras, Caixa".
Quanto à ausência de Lula no encontro, Padilha afirmou:
— São situações completamente diferentes. Porque hoje a relação do PT com o PP está sólida em vários municípios.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que não há constrangimento em aparecer em fotos ao lado de Maluf, que já foi um dos maiores adversários dos petistas. Segundo ele, fotos são feitas todos os dias, “com selfies em celulares”. Falcão também corrigiu a afirmação de Maluf de que Dilma teria 14 minutos de TV. Pelas contas do PT, se o PR confirmar a aliança, o PT terá 12 minutos.
O encontro em São Paulo tenta pacificar o PP em relação a aliança do partido com a candidatura de Dilma. Em alguns estados, o PP se rebelou, como no Rio Grande do Sul, onde deve se aliar ao PSDB. Falcão adiantou que ontem o acordo foi discutido entre ele, Lula e o presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira. Segundo Falcão, o PP entregou ao PT uma lista com onze pontos para o programa de governo.
— Não estamos atrás de cargos nem de benefícios — disse Ciro.
Já Padilha não poupou elogios ao apoio de Maluf ao governo petista:
— O senhor sempre foi um deputado extremamente fiel aos projetos do presidente Lula — disse o pré-candidato do PT.
Participaram do evento desta sexta-feira, além de Maluf, Ciro Nogueira, Padilha e Falcão, o ex-ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do PP, o ministro Ricardo Berzoini, de Relações Institucionais, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que participará da coordenação da campanha de Dilma, e Emídio de Souza, presidente estadual petista.
O PP de Maluf havia apoiado o PT nas eleições municipais, em 2012, quando Fernando Haddad foi eleito. Na ocasião, Haddad e o então presidente Luíz Inácio Lula da Silva tiveram que ir até a casa de Maluf, nos Jardins, bairro nobre na zona sul da capital paulista, onde foram fotografados juntos, para fechar a aliança.
O episódio gerou descontentamento de parte da militância petista, que sempre viu Maluf como adversário. Depois do aperto de mão, Maluf só voltaria a aparecer publicamente ao lado de Haddad na festa da vitória.
Em contrapartida pelo apoio, o prefeito aceitou a indicação do PP para a Secretaria de Habitação, comandada pelo empresário José Floriano de Azevedo Marques Neto. A área tem sido alvo de protestos constantes de movimentos de moradia.
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