Ricardo Brito - Agência Estado
Integrantes de partidos da base aliada da Câmara defendem que a CPI mista da Petrobras foque suas investigações nos personagens centrais da estatal e chegam até a apoiar a proposta, feita esta semana pela oposição, de quebrar o sigilo bancário do ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli. Na próxima segunda-feira (2), o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), vai apresentar um plano de trabalho que deve ser questionado pela base e pela oposição.
A maior preocupação do Palácio do Planalto é com os deputados aliados. A avaliação é a de que, ao contrário da CPI formada apenas pelos senadores, na CPI mista, que inclui a Câmara, o controle é menor, dada a insatisfação dos deputados. Eles defendem que as investigações sejam concentradas, destacando o fato de que a comissão, com 180 dias de prazo para funcionar, vai atuar durante o período da Copa do Mundo, das convenções partidárias e da campanha eleitoral.
Para o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), a CPI mista deveria, no início, requisitar documentos de investigações e da Justiça e pedir a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico dos suspeitos de envolvimento em irregularidades. "Não adianta chamar para depor agora", avaliou o peemedebista, que meses atrás liderou uma rebelião da base contra o Planalto.
Com o aval da bancada do partido, Cunha afirmou que vai propor, na reunião que decidirá o roteiro de trabalho da CPMI, que a apuração sobre compra da refinaria de Pasadena poderia começar pela requisição de todos os documentos que estão nos órgãos de fiscalização e os processos de arbitragem e judiciais que correram foram do País.
O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), ex-integrante da CPI dos Correios, que apurou o escândalo do mensalão, em 2005, disse ser favorável a analisar documentos ao mesmo tempo em que são convocadas autoridades e envolvidos para depor. "Tem coisa errada (na Petrobras), o que falta é materializar", afirmou.
Na avaliação do petebista, o melhor período da estatal para se achar "alguma coisa" é durante a presidência de Gabrielli, de 2005 a 2012. "Apoio a quebra de sigilo dele", disse, referindo-se à sugestão feita na primeira reunião da CPI pelo pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG).
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), ligado ao também presidenciável Eduardo Campos, defendeu que a comissão foque em aprovar no máximo 15 requerimentos e não abra muito o leque de investigações no programa de trabalho do relator. "A gente não pode ficar tergiversando", avaliou.
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