• Dissolução de fronteiras entre apoiadores e opositores ao governo federal no Estado evitará possível derrota de ex-governador que desistiu de disputar o Senado
Wilson Tosta – O Estado de S. Paulo
Ao deixar a disputa pelo Senado no Rio e promover a "bacanal eleitoral" repudiada por Eduardo Paes, o ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) complica o cenário para a presidente Dilma Rousseff no Estado. Também impõe uma derrota a um parceiro de sete anos, o prefeito do Rio, e evita o risco de um fracasso nas urnas que poderia atingir projetos futuros.
Quando foi anunciada a entrada do ex-prefeito Cesar Maia (DEM) na coligação com o PMDB, Dilma ainda assimilava a aliança do PT fluminense com o PSB. A coligação, com o ex-craque Romário como candidato a senador, deu a Eduardo Campos um palanque no Estado. Agora, com a troca de Cabral por Maia na briga pelo Senado, a presidente vê outro presidenciável de oposição, Aécio Neves, ganhar espaço no Rio.
Paes foi atropelado pela decisão do PMDB de dar a um adversário, o ex-prefeito e seu ex-padrinho político, um posto de destaque na chapa majoritária. Também sofreu no episódio um duro golpe desferido pelo ex-governador e aliado próximo, em aliança com o presidente do PMDB local, Jorge Picciani, o que pode se refletir em sua sucessão no Palácio da Cidade.
A oposição, porém, terá também problemas a enfrentar. A chapa do PMDB, comandada por Luiz Fernando Pezão, vai encarar na opinião pública o passivo deixado para o governo do Estado pelas manifestações de junho de 2013 e pelo movimento "Fora, Cabral". O próprio Cesar Maia tem rejeição alta, sobretudo no eleitorado da capital. Não é possível determinar se e até onde esses problemas contaminarão Pezão e Aécio; mas o risco existe.
Já Campos tem no Rio um PSB pequeno e desidratado por defecções. Arrisca-se a ver seu partido ofuscado pelo PT e a perder mais do que ganhará com a coligação formada a partir da desistência de Miro Teixeira (PROS).
Feitas as contas, o grande beneficiário da "bacanal" política será seu principal promotor. Com a dissolução, no Rio, de fronteiras entre apoiadores e opositores do governo federal, Cabral evitará uma possível derrota. E, se Pezão vencer, o ex-governador poderá se apresentar como vitorioso e até falar em disputar a sucessão de Paes em 2016.
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