terça-feira, 24 de junho de 2014

Acordos nos Estados decepcionam e prejudicam, diz aliado de Marina

Cristiane Agostine – Valor Econômico

SÃO PAULO - Derrotado nas articulações eleitorais em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o grupo ligado à ex-senadora Marina Silva intensificou os ataques às alianças estaduais do PSB e reforçou a divergência com a cúpula do partido. Para João Paulo Capobianco, um dos principais interlocutores de Marina, os acordos estaduais são "decepcionantes" e prejudicam a pré-candidatura à Presidência de Eduardo Campos (PSB).

"É decepcionante que isso esteja acontecendo. Tínhamos expectativa de um cenário diferente, com candidaturas fortes nos Estados, identificadas com o nosso projeto", disse Capobianco. "É uma pena que o PSB não perceba que é prejudicial para a campanha [nacional]", reclamou o aliado de Marina. "Falta palanque identificado com o nosso projeto nacional nos Estados".

Os aliados da ex-senadora, articulados dentro do grupo Rede Sustentabilidade, reclamam da aliança do PSB com o PSDB em São Paulo e com o PT no Rio de Janeiro. Em Minas, o diretório estadual impediu a candidatura de Apolo Heringer, apoiado por Marina, e estuda o apoio ao PSDB ou o lançamento do presidente do diretório, deputado Julio Delgado.

O grupo de Marina, no entanto, procurou minimizar o impacto das alianças estaduais sobre o projeto nacional do PSB e afirmou que essas derrotas não representam o enfraquecimento da ex-senadora nos rumos da futura chapa presidencial, da qual Marina participa como vice. A pré-candidatura à Presidência do PSB será oficializada no fim desta semana.

"Não pode haver confusão entre os descaminhos do PSB nos Estados e a candidatura nacional", declarou Capobianco. "Não temos o controle do partido. Não somos da Executiva. Acabamos de chegar. [As alianças estaduais] São uma opção equivocada que prejudica a campanha, a eleição, mas que não prejudica nossas propostas de modernização do país", afirmou.

Capobianco disse que desde a filiação do Rede ao PSB, no ano passado, a influência dos "marineiros" sempre foi vinculada aos rumos do projeto nacional do partido. "Isso está absolutamente preservado. O nosso programa de governo está sendo construído a quatro mãos", afirmou, referindo-se a Campos e Marina.

Porta-voz do Rede, Walter Feldman também procurou minimizar a perda de controle de Marina sobre as alianças feitas pelo PSB. "A campanha nacional não está vinculada às negociações estaduais", disse.

Amanhã, o grupo de Marina se reúne em São Paulo para articular uma candidatura própria ao Senado no Estado, desvinculada da chapa de apoio ao governador do Estado e pré-candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB). O Rede estuda lançar Walter Feldman, tendo como suplente João Paulo Capobianco.

Seria uma forma de o Rede marcar posição em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Apesar de os marineiros desaprovarem a aliança com os tucanos, o diretório paulista aprovou por unanimidade o apoio ao governador, que tentará seu quarto mandato.

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