• Ex-presidente fala em público sobre projeto de investimento em pesquisa cujo lançamento oficial será feito hoje por Dilma
Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
Em uma palestra para empresários na manhã de ontem em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atropelou a programação do Palácio do Planalto e adiantou o anúncio do programa Plataformas do Conhecimento, previsto para ser feito apenas hoje, em cerimônia em Brasília, pela sua sucessora e afilhada política, Dilma Rousseff.
Além de "furar" o anúncio de Dilma, Lula colocou à disposição dos empresários que participaram da palestra o sociólogo Glauco Arbix, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e autor do projeto. "Se vocês quiserem falar com alguém do governo, essa moça que está do seu lado, a Clara Ant, pode lhe dar o telefone do companheiro que é o diretor do Finep, o Glauco Arbix, que é o cara que está cuidando desse programa de ciência e tecnologia. É um programa, me parece, que para 20 anos", disse Lula no evento que reuniu 210 empresários, em grande parte representantes no Brasil de companhias europeias. Militante histórica do PT, Clara Ant é diretora do Instituto Lula e responsável pela agenda do ex-presidente desde a campanha eleitoral de 2002.
Investimentos. O programa Plataformas do Conhecimento, que Dilma lançará hoje, em Brasília, prevê aumentar de R$ 6 bilhões para R$ 24 bilhões os investimentos em pesquisa ligada ao aumento de produtividade nos próximos dez anos, por meio da Finep. A assessoria de imprensa do órgão não está autorizada a fornecer informações sobre o projeto, mas, segundo Lula, a ideia é investir em áreas em que o País já tem experiências positivas, como agricultura, pecuária e aeronáutica.
Amanhã, Dilma estará na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo, onde também deve explorar o lançamento das plataformas.
Economia. A exemplo de outras palestras que tem feito para empresários, Lula enumerou resultados positivos da economia para tentar dar mais credibilidade à política econômica de sua sucessora, que tem sido questionada por setores importantes do empresariado.
"Não existe mágica em política econômica. A palavra-chave é credibilidade, e significa confiança", disse o ex-presidente.
Ao fim da palestra, Lula chegou a lamentar a ausência de Dilma Rousseff e o fato de não poder assumir compromissos em nome do governo. "É uma pena não ser a presidenta Dilma falando aqui no meu lugar, porque ela pode assumir compromissos que eu não posso."
Copa do Mundo. Em meio a estratégias políticas e de propaganda para reverter o "mau humor" de setores do eleitorado em relação à presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil "precisa" ganhar a Copa do Mundo.
"Nós vamos ganhar este caneco porque o Brasil está precisando", disse Lula em resposta a uma pergunta do empresário Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar e candidato ao Senado por Minas na chapa de Fernando Pimentel (PT), em palestra em São Paulo.
Embora torça pelo hexacampeonato, Lula avaliou que a realização do Mundial no Brasil, alvo de questionamentos e previsões pessimistas, já é um sucesso.
"Para mim a Copa do Mundo já foi ganha. Já é um sucesso de público, de gols, renda, comportamento e entrosamento. É norueguês, alemão, francês. É isso que é a Copa do Mundo. Um jogo de futebol para aproximar um encontro de civilizações, para aumentar a atividade cultural e o valor etílico de cada um", disse Lula, arrancando risos da plateia.
O ex-presidente pediu que fosse exibido um vídeo antes da palestra, no qual uma catadora de material reciclado defende a realização do torneio, e outro ao final, com elogios da imprensa estrangeira à organização da Copa.
Lula fez uma analogia entre o time do Brasil e a economia. Segundo ele, a seleção "não está bem" se comparada às equipes campeãs de 1958, 1970 e 2002. "Mas qual é a seleção que está melhor do que a nossa?", questionou. Para Lula, o mesmo raciocínio vale para a economia brasileira, que não cresce no mesmo ritmo apresentado em anos anteriores, mas, segundo ele, ainda apresenta indicadores melhores do que a média mundial. / R.G.
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