Cláudio Couto - É professor da FGV São Paulo
É difícil que eleitores renitentes tenham mudado seu voto após o debate desta terça-feira, 26. Contudo, para os que vacilam, houve atrativos. Num jogo que privilegiou os três principais contendores, que tocaram a bola entre si e foram priorizados pelos jornalistas, a presidente se destacou.
Dilma mostrou-se bem mais desenvolta do que há quatro anos, demonstrando que a experiência presidencial lhe proporcionou um bom treino verbal - decerto aprimorado por comunicólogos. Mas não foi apenas no teatral que a presidente se destacou. Logrou apresentar dados positivos de seu governo, listando números que sabia de cor estocando seu adversário favorito - o PSDB - sem se tornar antipática. Impôs ao debate a tônica de sua campanha: apresentar dados que desmintam as avaliações negativas sobre sua administração. Jogou no ataque e fez vários gols. Ao final, administrou.
Aécio, por sua vez, embora longe de uma performance desastrosa, não se destacou. Diríamos que jogou para empatar. Porém, num momento em que as pesquisas indicam estar ele uns quatro tentos atrás do adversário mais próximo, que continua atacando, jogar pelo empate não é a estratégia mais produtiva. Questionou Dilma sobre temas já exaustivamente tratados pelos jornais, dos quais não era mais possível extrair trunfos. Fez o óbvio, mesmo ao corretamente defender o legado de Fernando Henrique - o que os tucanos anteriores se envergonharam de fazer.
Já Marina, embora menos acabrunhada que Aécio, também não se destacou. Quem assistiu apenas ao começo do debate deve ter-lhe achado confusa. Melhorou com o passar do tempo e teve seu melhor momento numa resposta a Luciana Genro, do PSOL, que lhe questionava sobre seus assessores econômicos. Ao ser equiparada à “velha política” de PSDB e PT disparou contra a velha política de esquerda, que se acha dona da verdade. Boa jogada, mas já era tarde e o conjunto da performance pode ter desapontado eleitores conquistados na última semana. Talvez por nervosismo, atrapalhou-se ao menos três vezes ao conjugar o verbo “perder”. Ato falho?
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