• Candidata nega incoerência ao elogiar Serra e recusar Alckmin
- O Globo
Ameaçado de perder a vaga no segundo turno para a candidata do PSB, Marina Silva, segundo a pesquisa Ibope divulgada ontem, o tucano Aécio Neves elegeu a adversária como alvo logo no início do segundo bloco do debate. Dirigindo- se a Marina, Aécio questionou a “nova política” defendida por ela, que se nega a subir no palanque “de um dos políticos mais íntegros do país”, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Ao mesmo tempo, afirmou Aécio, Marina disse que deseja ter o apoio
do tucano José Serra, caso seja eleita presidente:
— Essa nova política não precisa de uma boa dose de coerência? — questionou Aécio.
Em sua resposta, Marina também atacou e disse que a polarização PT e PSDB dividiu o país e precisa acabar, procurando-se firmar como uma alternativa aos partidos que se revezam no poder desde 1995:
— Me sinto inteiramente coerente. Defender a nova política é combater a velha polarização que há vinte anos tem se constituído num verdadeiro atraso. A polarização PT x PSDB já deu o que tinha que dar. Quando disse que não ia subir em palanques que não havia antes acordado com o saudoso Eduardo Campos, mantive a coerência porque não queria favorecer partidos da polarização. Quando digo que quero governar com o melhor, reconheço que existem pessoas boas em cada partido, mas a maioria está no banco de reservas. Eu estava dizendo que tenho certeza que, se ganhar a Presidência,
ele (o governo) não haverá de ir pelo caminho mesquinho da oposição que só
vê defeitos, mesmo quando avanços são evidentes, como o Bolsa Família, que o PSDB tem grande dificuldade de aceitar.
Ou da situação pela situação, que só vê virtudes. O PT tem dificuldade de reconhecer os erros — reagiu Marina, que citou, além de Serra, os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Pedro Simon (PMDB) como políticos a quem pretende recorrer.
Ulysses e Tancredo lembrados
Aécio questionou novamente Marina sobre a divisão que ela faz entre a velha e a nova política e citou nomes de políticos já falecidos:
— Não posso crer que homens como Ulysses Guimarães, Miguel Arraes, Tancredo Neves praticavam a velha política. E a boa política pressupõe coerência. Estou aqui acreditando no que sempre acreditei, que a estabilidade da moeda era essencial, que as privatizações de determinados setores da economia eram essenciais para gerar emprego. Fizemos tudo isso com a oposição — afirmou Aécio, frisando que saber ver méritos em adversários.
Houve novo embate entre o tucano e a candidata do PSB quando Aécio foi perguntado sobre o tamanho da máquina pública e os cerca de 20 mil cargos de confiança na administração federal. Como fez em outros momentos, Aécio se valeu de seus dois mandatos como governador de Minas Gerais e enumerou realizações, como o corte de um terço das secretarias estaduais e a prioridade na educação, tendo deixado o governo de Minas com “a melhor educação fundamental do Brasil”.
— A obra pública em Minas é referência. O estado remunera os servidores baseado na meta estabelecida. Reduzi em um terço as secretarias, extingui mil cargos comissionados. A prioridade era a educação. No fim do governo, Minas é a melhor educação fundamental do Brasil.
Na saúde, melhor qualidade de atendimento da região. Acredito muito que a gestão publica não precisa ser ineficiente por ser pública, desde que tenha metas estabelecidas de forma clara.
Marina critica gestão de Aécio
Assim como fizera em relação à presidente Dilma Rousseff, a quem acusou de apresentar um “Brasil colorido e quase cinematográfico”, Marina questionou os dados apresentados por Aécio. Marina disse que o tucano se esqueceu do Vale do Jequitinhonha (uma das regiões mais pobre e com os piores indicares sociais de Minas), onde, segundo ela, os professores “vivem nas penúrias.” — Aécio citou tudo colorido em seu estado. Mas não incluiu em Minas o Vale do Jequitinhonha, que os professores reclamam de seus salários e os alunos sofrem — afirmou Marina.
Aécio então acusou Marina de desconhecer seu governo em Minas:
— Marina, mais por desconhecimento do que por má-fé, comete uma enorme injustiça com o Vale do Jequitinhonha. Os professores ganham mal no Brasil inteiro. Em Minas, as metas avançaram mais nas regiões mais pobres do estado. Investimos três vezes mais per capita no Jequitinhonha do que nas regiões mais ricas do estado — afirmou o tucano.
Gerência ou visão estratégica
Marina também polemizou com Dilma, quando, em uma pergunta de um jornalista, foi lembrada de sua recente declaração, de que “o Brasil não precisa de um gerente”. Foi a senha para que as duas adversárias se alfinetassem. A candidata do PSB reafirmou que, para governar o Brasil, o mais importante é se ter uma “visão estratégica”. Ela citou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso como políticos com esse atributo e que, graças a ele, legaram ao país, respectivamente, a redução da pobreza com inclusão social e a estabilidade econômica. E hoje, disse, o governo entregará o país pior do que recebeu.
Dilma reagiu e insinuou que Marina é inexperiente e, por isso, menospreza a capacidade de gestão. Segundo Dilma, os problemas de um país complexo como o Brasil não serão resolvidos “só com discurso”.
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