Fernando Taquari, Letícia Casado e Cristiane Agostine - Valor Econômico
O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, realizado na noite de terça-feira pela TV Bandeirantes, foi marcado pelo confronto entre os principais postulantes. A candidata do PSB, Marina Silva, agora colocando-se como a chamada terceira via, não poupou críticas à presidente Dilma Rousseff e virou alvo do candidato do PSDB, Aécio Neves. O tucano foi contundente nas críticas contra a ex-senadora, além de ter confrontado a petista na discussão de temas econômicos e sobre a gestão da Petrobras.
O debate ocorreu no mesmo dia em que o Ibope divulgou a primeira pesquisa com Marina como candidata do PSB, com 29% das intenções de voto, ante 19% de Aécio. Dilma ficou com 34%, mas perderia de Marina em um eventual segundo turno entre elas.
Logo no início do debate, Marina escolheu Dilma para o confronto e colocou em xeque as ações do governo federal como resposta às manifestações de junho de 2013. A candidata ainda criticou a política de segurança, educação e saúde como um estado de “penúria”. “Esse Brasil colorido que a presidente acaba de mostrar não existe. A reforma política virou troca de ministros”, afirmou. Em outro momento, as duas voltaram a discutir sobre a capacidade de administrar o país.
"Essa história de que para ser presidente tem que ser gerente começou no campeonato de gerência de 2010, entre Dilma e (José) Serra", afirmou Marina, acrescentando que nem Luiz Inácio Lula da Silva e nem Fernando Henrique Cardoso eram gerentes.
Marina, por sua vez, foi alvo de Aécio. O tucano questionou a coerência da ex-senadora. O candidato do PSDB expôs as contradições das alianças feitas pelo PSB nos Estados com o discurso da nova política feita pela adversária.
“Me sinto inteiramente coerente. A nova política é para combater a velha polarização que há 20 anos vem se constituindo como velho atraso”, disse Marina. “Quando disse que não ia subir nos palanques que havia acordado com Campos mantive a coerência porque não queria favorecer os partidos da polarização”, complementou.
Os dois voltaram a trocar farpas quando Marina comentou que Aécio apresentava uma realidade diferente de Minas Gerais, Estado que o tucano governou, na propaganda eleitoral. O tucano se defendeu e disse que reduziu em um terço o número de secretarias, além de ter criado avaliação de desempenho de funcionários públicos.
Já Dilma atacou a gestão do PSDB quando confrontou Aécio. Disse que os tucanos quebraram o país em três momentos. Os salários dos trabalhadores, afirmou a presidente, sofreram cortes no governo de FHC. O tucano respondeu que a presidente “fala para trás” porque tem receio de debater o futuro. Argumentou que o governo petista sucateou a indústria e que o país terá neste ano um dos piores crescimentos na economia.
“O governo perdeu a capacidade de inspirar confiança”, disse Aécio, que acusou o PT de ter sido beneficiado pela “herança bendita” dos tucanos na estabilidade da economia.
A Petrobras provocou outro embate entre a presidente e Aécio. O tucano afirmou que a petista devia desculpas ao povo brasileiro pelas denúncias de corrupção na estatal. Dilma respondeu que a Petrobras ampliou seu valo r de mercado no governo do PT para US$ 110 bilhões. No governo do PSDB, afirmou ela, o valor era de US$ 15 bilhões.
A presidente também acusou o PSDB de leviandade e de quase ter mudado o nome da estatal para Petrobrax quando governou o Brasil, entre 1995 e 2002. “Leviandade é a forma como a Petrobras vem sendo administrada (pelo PT). A PF diz que há uma organização criminosa atuando no seio da estatal. As denúncias são graves”, rebateu Aécio.
No fim do debate, Aécio declarou que nomeará Armínio Fraga como ministro da Fazenda, se eleito.
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