• No 1º debate dos presidenciáveis, cientistas políticos destacam estratégias de Dilma, Aécio e Marina
Alessandra Duarte e Carolina Benevides – O Globo
RIO — No primeiro debate dos candidatos à Presidência, a petista Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves, segundo os cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, optaram por continuar com a polarização PT x PSDB e por manter as diferenças entre os dois partidos. Marina Silva, do PSB, por sua vez, preferiu marcar a imagem de terceira via para tentar se associar aos desejos de mudança registrados nas pesquisas e apostou na “nova política”, destacando que quer “unir” o Brasil.
— Marina fez parecer o seguinte: eu estou sintonizada com as demandas de junho de 2013, eles são a velha política, eu sou a nova e vou governar com os melhores quadros, tendo citado o (Eduardo) Suplicy, o (Pedro) Simon e o (José) Serra. Ela foi marcando seu terreno, ainda que tenha incoerências e contradições, já que citou pessoas da política tradicional, da velha política — diz Marly Motta, da FGV, destacando que “Aécio e Dilma usaram suas experiências no Executivo para contar o que já fizeram”: — Provavelmente tentam despertar a desconfiança no eleitor da Marina, que só pode falar de futuro. Eles, bem ou mal, têm história.
Professor da PUC-Rio, Ricardo Ismael crê que Marina teve estratégia bem definida para alcançar eleitores esgotados com o PT, mas que não querem a volta do PSDB:
— Ela quis dizer algo como: Aécio e Dilma dividem o país, eu quero unir o Brasil. Há uma parte do eleitorado que está esgotada com o PT, e outra que não quer a volta do PSDB, ela está falando para essas pessoas. E ela deu seu recado logo no 1º bloco, lembrou o Eduardo Campos (candidato do PSB morto) e disse que é a esperança na política.
— Marina tentou resgatar os protestos de 2013 para ela. Dilma se esquivou bem, falando da aprovação do dinheiro do pré-sal para a Educação, da proposta de plebiscito para a reforma política. Marina quer polarizar com a Dilma, mas a Dilma quer manter a polarização com Aécio — diz Paulo Baía, da UFRJ, lembrando que a candidata do PSB “reforçou a posição de tentar ser diferente dos outros dois principais candidatos”:
— Aécio questionou Marina sobre o que seria a nova política de que ela tanto fala. Ela deu explicação genérica, e Aécio se saiu bem ao falar da “boa e da má política”, que havia nomes bons também em períodos anteriores.
Para Baía, em relação aos outros candidatos, Luciana Genro (PSOL) se destacou ao provocar Marina ao dizer que há candidato que fala de nova política e tem na coordenação de campanha uma banqueira (em alusão a Neca Setúbal, da campanha de Marina).
— Aécio falou do que fez em Minas e, na hora de atacar, escolheu mesmo a Dilma — completa Carlos Pereira, da FGV/Ebape: — Dilma foi previsível, com discurso defensivo, preparado, se eximindo de responsabilidades de problemas atuais. Marina tentou se mostrar alternativa superior ao que veio antes (PT e PSDB).
Segundo Marly, nesse 1º debate, “Dilma e Aécio não quiseram sair do terreno que já conhecem”, e o tucano anunciou Armínio Fraga como ministro para mostrar que ele é a mudança segura.
— O Ibope mostra Marina em crescimento, ela não sai do debate atingida e se apresentou mais preparada do que em 2010. Dilma e Aécio vão ter que usar a propaganda na TV para atacá-la — diz Ismael.
— Deixaram Marina solta. Até Aécio, que confrontou Marina, mas bateu mais em Dilma,, parece que desconheceu a pesquisa que saiu hoje (ontem) — conclui Baía.
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