Ricardo Brito – O Estado de S. Paulo
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), fez nesta terça-feira um duro discurso no qual chamou a candidata do PSB à Presidência e ex-colega de partido, Marina Silva, de um "FHC de saias". O petista acusou Marina de agir como um "pêndulo", que se bandeia para um lado e outro, e que "vai baixar a cabeça ao mercado financeiro, deixando a política neoliberal novamente aumentar juros e voltar a inflação". "A proposta de Marina é deixar que a mão do mercado regule tudo. É dar autonomia total ao Banco Central, coisa que nem o Fernando Henrique deu. Ela, agora, propõe deixar que os tecnocratas assumam as rédeas do país. É dar prioridade à inflação mínima, como aconteceu no governo passado, chegando a 45%", criticou Costa, em discurso da tribuna do Senado.
Para o petista, Marina é uma alegoria criada para ser vendida como novidade, mas tal alegoria "se travestia de velhas políticas". Ele criticou o que considera de alianças eleitorais de conveniência e disse que as "raposas" estão lá. Citou o apoio de Paulo Bornhausen, candidato ao Senado pelo PSB e filho do ex-senador Jorge Bornhausen, crítico contumaz do PT.
No pronunciamento, Humberto Costa, que também é coordenador da campanha à reeleição de Dilma Rousseff em Pernambuco, explorou as incongruências de Marina. Disse que ela não aceita doações de empresas da indústria de armas enquanto o tesoureiro do PSB, Márcio França, não faz qualquer restrições a repasses. Destacou que ela não conseguiu criar seu próprio partido, o Rede Sustentabilidade, e não tem o controle da legenda que a hospeda provisoriamente, o PSB. "Que controle teria ela sobre um eventual governo? O que quero chamar atenção é para o risco dessas incongruências, a prática de pregar uma coisa e fazer outra. Essa atitude política camaleônica que não se sabe, de fato, o que esconde. É uma política errática, sem lado", disse, ao ironizar que até um vereador de Goiás conseguiu construir um partido nacional - numa referência indireta a Eurípedes Junior, presidente do PROS.
O petista disse que Marina, se vencer, não teria "ninguém para governar". "Não teria base nesse Congresso, não teria aliados", afirmou. "O governo usaria a população como instrumento de pressão sobre o Legislativo. Transformar isso em forma de governabilidade é um equívoco absoluto", afirmou. Costa criticou ainda a política de alianças, citando que, por um lado, recrimina apoio do PSB, mas o tesoureiro do partido é candidato a vice do governador tucano, Geraldo Alckmin, assim como ela recrimina o PT, mas no Rio seu partido apoio a candidatura ao governo de Lindbergh Farias. E destacou que o programa de governo de Marina é a "síntese dessas contradições", ao citar que o conjunto de promessas não aguentou 24 horas em pé.
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