• Após duas quedas consecutivas, economia avança 0,1% no terceiro trimestre, ante o anterior
• Com mais dias úteis, indústria cresce de julho a setembro, mas no ano apresenta queda acumulada de 1,4%
Gustavo Patu e Pedro Soares - Folha de S. Paulo
RIO - Prestes a passar por uma anunciada temporada de restrições, a economia brasileira continua no chão, embora tenha parado de afundar.
Após duas quedas trimestrais consecutivas, sintomas de uma recessão, o Produto Interno Bruto --medida da produção e da renda do país-- avançou 0,1% entre julho e setembro, na comparação com os três meses anteriores.
Divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a variação quase imperceptível mostra que o ano fechará com crescimento próximo de zero, no pior desempenho de um quadriênio de quase estagnação.
Os dados não encorajam projeções de um resultado muito diferente em 2015, ainda mais com a perspectiva de alta dos juros e corte de despesas públicas pela nova equipe econômica.
Em boa parte, a melhora do último trimestre se deveu ao maior número de dias úteis em comparação com os três meses anteriores, em razão da Copa do Mundo.
Prejudicada pela competição, a indústria interrompeu agora uma sequência de quatro trimestres no vermelho e puxou também uma alta dos investimentos.
A fragilidade da reação fica evidente quando são considerados prazos mais amplos: no ano, a indústria acumula queda de 1,4%, a maior desde o auge do impacto da crise internacional, em 2009.
Maior ainda, de 7,4%, é o tombo dos investimentos --gastos privados e públicos em compra de equipamentos e obras de infraestrutura, destinados a ampliar a capacidade futura de produção.
A derrocada indica perda crescente de confiança do empresariado na política econômica comandada por Dilma em seu primeiro mandato --e ajuda a entender por que a presidente reeleita sinaliza uma guinada.
Na visão do governo petista, o estímulo ao consumo das famílias, por meio de programas sociais e do crédito, levaria o setor produtivo a investir para elevar a oferta de bens e serviços.
Entretanto, a deterioração das contas públicas e o recrudescimento da inflação suscitaram dúvidas crescentes sobre a solidez da estratégia.
O BC teve de elevar os juros a partir de 2013, esfriando também o consumo, que vive a menor expansão em uma década. E, para recuperar a credibilidade, o governo agora promete arrumar suas contas e levar a inflação à meta de 4,5% ao ano --ameaçando o mercado de trabalho, um dos principais sustentáculos políticos de Dilma.
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