• Apesar de contrariado, partido considera inevitáveis indicações de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Kátia Abreu, para a Agricultura, e vai se empenhar em obter compromissos em questões como o marco regulatório dos meios de comunicação
Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo
Reunido nesta sexta-feira em Fortaleza para fazer um balanço das eleições e debater os rumos do segundo mandado da presidente Dilma Rousseff, o diretório nacional do PT dá como "coisa feita" as nomeações de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e Katia Abreu para a Agricultura. Embora contrariadas, as principais correntes do partido devem chancelar as escolhas da presidente, que confirmou presença na reunião. Em troca, o partido vai pedir mais empenho do governo em questões caras à base petista como o marco regulatório dos meios de comunicação, o fator previdenciário, reforma fiscal, questões trabalhistas e a questão indígena. O PT também deve cobrar mais espaço no ministério.
Na segunda-feira, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) fez uma reunião preparatória em São Paulo para elaborar o discurso. Embora nomes como Levy e Katia Abreu não agradem setores do PT, o que vai prevalecer é o programa de governo do partido. A comparação é com o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando o então tucano Henrique Meirelles foi escolhido para o Banco Central, o "conservador" Antonio Palocci para a Fazenda e Roberto Rodrigues, representante do agronegócio, para a Agricultura.
"A área econômica não está à disposição para disputa partidária", admitiu um dos vice-presidentes do partido, Alberto Cantalice.
Segundo ele, o importante é que ministérios ligados diretamente às causas petistas fiquem com nomes vinculados à esquerda. O PT vai lutar para manter seus espaços no governo e emplacar nomes como o do deputado estadual Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma, nos Esportes e o governador da Bahia, Jaques Wagner, em alguma pasta política.
Além, disso o partido quer impor uma pauta ao segundo governo de Dilma. Um dos itens principais é a criação de um marco regulatório para os meios de comunicação, reivindicação antiga do PT engavetada por Dilma no primeiro mandato. A presidente já disse que vai abrir o debate sobre o tema no segundo semestre do ano que vem e descartou qualquer medida de controle de conteúdo. O objetivo, segundo ela, será restringir "monopólios e oligopólios".
O partido quer ainda que o governo crie uma fórmula alternativa ao fator previdenciário, reivindicação histórica dos sindicatos ligados ao partido, uma reforma fiscal que desonere a nova classe C, que ascendeu durante os governo Lula, e a manutenção da política de valorização do salário mínimo.
"O ajuste das contas do governo será bom desde que não mexa nas obras do PAC, mantenha os programas sociais e a valorização do emprego", disse o deputado José Guimarães, outro vice-presidente do PT.
Outra cobrança do PT será quanto à celeridade do projeto de reforma política. Para alguns dirigentes, a presidente já deveria ter dado algum sinal nesse sentido.
A presença de Dilma na reunião do diretório petista é interpretada pelo partido como um gesto de boa vontade e uma tentativa de aproximação da presidente. Será a segunda vez que Dilma participa de um encontro partidário desde que tomou posse, em 2011.
Apesar do clima de cobranças em relação ao segundo mandato, a cúpula petista trabalha para abafar críticas e criar um ambiente positivo na reunião do Diretório Nacional. Na verdade, Dilma vai participar apenas da parte final do encontro, iniciado às 10h desta sexta-feira. Da abertura até a chagada de Dilma, prevista para 19h, a palavra estará aberta para os dirigentes. Críticas pontuais não estão descartadas - algumas correntes da esquerda petista preparam textos mais duros- mas a presidente não estará presente para ouvi-las. Depois da reunião, Dilma participará de uma recepção a convite do PT do Ceará.
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