Reafirmação de Dilma Rousseff (com queda de 1%, na margem de erro, para 37%, que conteve o “volta Lula”). O crescimento de Aécio Neves (de quatro pontos, para 20%) e o de Eduardo Campos (de 10% para 11%), bem como o da soma do conjunto de concorrentes da postulante à reeleição, para 38%. Configurando-se, assim, o cenário de um 2º turno, que teria os dois primeiros como protagonistas. Isso de par com novo declínio da avaliação do desempenho da máquina federal e de aumento da demanda de mudança do governo, mas associada predominantemente ainda à figura de Lula. Esses indicadores do Datafolha da semana passada, que confirmam tendências registradas em outras pesquisas recentes, passam a condicionar, com maior peso, as articulações voltadas, simultaneamente, à composição de alianças para o pleito maior e para a montagem dos palanques estaduais. A serem concluídas nas convenções partidárias, até o final de junho. Novas pesquisas ao longo de maio poderão trazer números com alguma diferença em relação aos do Datafolha, mas sem provável alteração significativa das tendências.
O reequilíbrio na disputa presidencial amplia as resistências que se têm manifestado em diversos partidos da base governista, inclusive no PMDB, à reprodução dela na aliança eleitoral pró-Dilma. O que se desdobra em dificuldades, crescentes, na construção de palanques estaduais vinculados à reeleição nacional. Agravadas por conflitos entre esses partidos e o PT. O enfrentamento das ameaças a tal reprodução constitui a principal prioridade política conjunta do Planalto e do ex-presidente Lula. Elas se estendem da defesa de neutralidade, que tem sido explicitada por vários segmentos do PMDB, até a proposta de deslocamento para a oposição, assumida por muitos parlamentares e lideranças regionais do PP. Num contexto em que esses e outros partidos da referida base, além do PSD que não a integra formalmente, já liberaram os diretórios estaduais pa-ra participação em palanques predominantemente anti-Dilma. As armas básicas do governo e do ex-presidente para esse enfrentamento são “relações especiais” (liberação de recursos e cargos federais) com as cúpulas das legendas de base, em particular com os caciques do PMDB José Sarney e Renan Calheiros.
Quanto aos desafios específicos da presidente e do ex, o principal dela é intensificar, ainda mais, as ações recomendadas pelo marqueteiro João Santana para a melhoria de seus precários índices de avaliação, sem o que não resistirá ao “volta Lula” até a convenção do PT. Por seu turno, os do ex-presidente incluem um que é responsável pela guinada radicalizante de recentes manifestações dele – numa entrevista que deu em Portugal atacando o STF por causa da condenação dos mensaleiros e, num encontro do PT em 2 de maio, pregando a regulação da imprensa e qualificando a mídia como “partido de oposição”. Trata-se de resposta ao forte desgaste social do seu partido, que está dificultando as alianças nos planos federal e estadual e que põe em xeque o grande objetivo de hegemonia no Congresso – ou em apoio a um segundo mandato de Dilma ou em forte oposição, tendo em vista sua candidatura em 2018.
Quanto às campanhas dos oposicionistas nesse período, a de Aécio, favorecida pelo avanço nas pesquisas, ganha melhores condições para respaldo nos palanques estaduais, mas passará a sofrer ataques bem mais duros do Planalto e do lulismo e a receber estocadas da campanha de Eduardo Campos (de parte do PSB e da Rede de Marina), no legítimo empenho desta de disputa de um lugar no 2º turno. Com uma diferenciação natural, entre as duas, que o lulismo buscará aprofundar na perspectiva de beneficiar-se disso no 2º turno.
Duas outras variáveis significativas de nova fase pré-eleitoral ligam-se, a primeira, ao papel que poderá ser representado pelas CPIs, sem que se tenha ainda clareza de que a oposição consiga vencer o forte bloqueio do oficialismo à CPMI da Petrobras, e, a segunda, o imponderável das manifestações – pacíficas e violentas – contra a Copa da Fifa.
Jarbas de Holanda é jornalista
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