• Investigação sobre Petrobras não inclui convocação de conselheiros que aprovaram polêmica compra de refinaria
• Plano de trabalho inclui apuração sobre o porto de Suape, construído na gestão de Campos, hoje adversário da petista
Gabriela Guerreiro – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Controlada por aliados do Planalto, a CPI da Petrobras instalada nesta quarta-feira (14) no Senado tira do foco das investigações o Conselho de Administração da estatal, que autorizou a compra da refinaria de Pasadena (EUA) e era na época chefiado por Dilma Rousseff.
O plano de trabalho da CPI inclui investigações sobre o porto de Suape (PE), construído na gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), provável adversário de Dilma nas eleições de outubro.
O STF havia negado a inclusão na CPI desse tema e do cartel de trens em São Paulo, Estado governado pelo PSDB, mas governistas dedicaram um capítulo da comissão de inquérito à refinaria de Abreu e Lima (PE) e conseguiram incluir sua interligação com o porto de Suape.
Aliados de Campos consideram a ação um "desrespeito" à decisão do STF, mas o relator da CPI, José Pimentel (PT-CE), afirma que fatos correlatos ao principal podem ser apurados pela comissão.
O plano de trabalho aprovado não contempla a convocação dos ex-diretores que integravam o conselho da Petrobras em 2006, quando a polêmica compra da refinaria de Pasadena, que motivou o pedido de investigação sobre a estatal, foi autorizada com o aval de Dilma.
O único chamado a prestar depoimento é o ex-diretor da empresa Nestor Cerveró, apontado pela presidente como responsável pelo parecer técnico "incompleto" que orientou o negócio.
Também não há requerimentos para chamar a depor o ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal, nem Fábio Barbosa e Jorge Gerdau, que integravam o conselho da estatal à época.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ex-presidente Sérgio Gabrieli serão os primeiros a serem ouvidos pela CPI, na semana que vem. Os dois já prestaram depoimentos na Câmara e do Senado.
Chapa branca
Dos 13 integrantes da CPI do Senado, apenas um é da oposição. DEM e PSDB se recusaram a indicar membros porque insistem na instalação de CPI do Congresso, com deputados e senadores.
Há 19 indicados para esta última comissão, dois a mais que o mínimo necessário para o começo dos trabalhos, mas aliados do governo sustentam que ela só pode ser instalada após o prazo para indicações, que termina na semana que vem.
O governo emplacou senadores alinhados com o Palácio do Planalto para a presidência e a relatoria da CPI do Senado.
Além de Pimentel, que é líder do governo no Congresso, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), fiel aliado de Dilma, foi eleito para presidir os trabalhos da comissão.
Colaborou Sofia Fernandes, de Brasília
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