• Deputados defendem que PT e o próprio governo têm que tomar linha de frente da defesa das medidas
Chico de Gois – O Globo
BRASÍLIA — O PMDB decidiu, durante reunião de sua bancada nesta quarta-feira, que irá fazer um seminário com economistas, além de convidar ministros da área econômica do governo, para ajudar a convencer os deputados da legenda a aprovar o pacote fiscal enviado pelo Palácio do Planalto. No entanto, há um sentimento comum entre os peemedebistas de que a sigla não pode ficar com o ônus da aprovação de medidas consideradas impopulares. Muitos deputados defenderam que o PT e o próprio governo têm que tomar a linha de frente da defesa do pacote.
Por causa do delicado quadro econômico, os deputados do PMDB mostraram-se solidários ao governo, mas querem ter mais participação nas decisões. Os parlamentares lembraram que, no ano passado, foram fundamentais para aprovar o ajuste fiscal que permitiu à presidente Dilma Rousseff modificar a meta de superávit primário, por exemplo. Agora, não estão dispostos a ficar na linha de frente. Um deputado do PMDB disse, meio em tom de brincadeira meio a sério, que o partido só devia ser favorável ao pacote se o PT e a CUT pedirem publicamente ao partido.
O líder peemedebista, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que o PMDB está consciente da responsabilidade que tem, mas quer o engajamento das demais forças.
— O PMDB foi fundamental para aprovar o ajuste fiscal no ano passado e ficamos com o ônus. Isso não ocorrerá novamente. Não digo genericamente que a defesa maior tem que ser do PT. Mas cabe a quem decide assumir a responsabilidade e liderar o convencimento da base — afirmou Picciani.
Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) afirmou que o partido deve ajudar na aprovação o pacote, mas quer ver as demais bancadas defendendo publicamente as medidas.
— Nós fomos fundamentais para aprovar o ajuste fiscal no ano passado. O PMDB tem que ter seriedade para não quebrar o país. Mas também não queremos que o país seja salvo, o PT seja salvo, e o PMDB fique quebrado.
Picciani resumiu o sentimento de sua bancada: os peemedebistas não querem mais ser chamados apenas em casos de crise.
— Não queremos administrar crise. Queremos fazer parte da solução — disse ele, adiantando que os peemedebistas defendem uma linha desenvolvimentista como forma de combater a estagnação da economia.
Michel Temer, o interlocutor
No café da manhã que a bancada do PMDB teve com o vice-presidente Michel Temer, nesta quarta-feira (25), os peemedebistas foram unânimes em apontá-lo como principal interlocutor do partido no governo e ouviram que a situação econômica do país está muito complicada. Segundo participantes, Temer contou que um ministro — que alguns atribuem ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini — teria feito uma análise pouco animadora do atual cenário.
— Estamos dançando na beira de um precipício — teria dito esse ministro.
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