• IPCA chega a 7,14% em 12 meses e a 1,24% só em janeiro, a maior taxa em 12 anos
Lucianne Carneiro - O Globo
A inflação este ano atinge gastos dos quais as famílias não podem fugir, principalmente as que têm renda menor: alimentos, transporte público e energia. Só esses três grupos de despesas foram responsáveis por dois terços da alta de 1,24% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado, o dobro do peso dessas despesas no orçamento. A taxa de 1,24% de janeiro é a mais alta desde fevereiro de 2003, quando foi de 1,57%. Com o dado do mês passado, o resultado acumulado em 12 meses subiu para 7,14%, o maior desde setembro de 2011 (7,31%) e bem superior aos 6,41% de 2014.
A tarifa de energia elétrica subiu 8,27% e respondeu sozinha por 20% da inflação de 1,24%. E a alimentação continuou subindo com a seca e foi a maior influência entre os grupos de produtos, com alta de 1,48%. Já o transporte público subiu 5,07%. O destaque foi a alta de 8,02% do ônibus urbano, puxado pelo reajuste de tarifas em Rio e São Paulo.
- O mês de janeiro registrou aumentos significativos em três grupos muito importantes no orçamento das famílias, que são alimentos, habitação e transportes. São os gastos para comer, para morar e para se locomover - afirmou a coordenadora dos Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes.
Quando se considera o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - que é a inflação para as famílias com renda entre um e cinco salários mínimos -, a alta dos preços foi ainda maior, de 1,48%, mais que o dobro da taxa de 0,62% de dezembro. No resultado acumulado em 12 meses, chega a 7,13%, bem acima dos 6,23% de 2014.
- Alimentos, energia e transportes são bens essenciais, não suprimíveis, o que acaba reduzindo o orçamento do consumidor. A tendência é que se reorganize as despesas, abrindo mão de outros itens não tão importantes - avalia a economista da Tendências Consultoria Adriana Molinari.
As donas de casa Bruna de Araújo e Tatiane Ribeiro se assustaram com as altas em carne, tomate, feijão e laticínios.
- Eu paguei R$ 20 em 1,5 quilo de acém. Levei um susto e estava na promoção. Nunca vi promoção assim - afirmou Tatiane.
Tatiane usa o vale-alimentação de R$150 do pai, que é motorista de ônibus, além do benefício do Bolsa Família. Já a estratégia de Bruna é aproveitar as promoções para lidar com a alta dos preços:
- Sempre acompanho os encartes.
Eletrodomésticos mais baratos
Parte desse ajuste no orçamento já está ocorrendo, segundo a técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Maria Andréia Parente. Ela aponta a queda de preços dos eletrodomésticos, e em vestuário:
- Janeiro é época de promoções de vestuário, mas os descontos foram maiores. Aos poucos, as pessoas tendem a reduzir os supérfluos , como laticínios e biscoitos, e nos bens de consumo.
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