• Depois de discutir com Aécio, Renan diz que obedecerá a proporcionalidade partidária
Cristiana Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - Após o bate-boca travado em plenário pela eleição dos cargos da Mesa Diretora do Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que respeitará o critério da proporcionalidade partidária para compor as comissões temáticas. Devido ao clima que se instalou, a reunião de líderes para discutir o assunto ainda não foi realizada.
Na semana passada, Renan conduziu uma manobra entre PMDB e PT que excluiu PSDB, DEM e PSB da Mesa, composta por sete cargos titulares e quatro suplências. Na sessão, houve discussão entre Renan e o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).
- A composição das comissões se faz por indicação dos blocos partidários. Quando não houver bloco, faz-se pelo partido. Os líderes compõem as comissões, o mais idoso convoca e faz eleição para presidente. Vou hoje cobrar para que os líderes ultimem as indicações para as comissões - afirmou Renan.
As escolhas para as comissões e para o Conselho de Ética só devem ocorrer após o carnaval. Mas ontem, em plenário, Renan pediu que os líderes já indiquem os nomes para esses colegiados. Ele fez questão de citar nominalmente o Conselho de Ética, mesmo depois de seu nome ter sido citado em denúncias envolvendo a Operação Lava-Jato.
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PE), chegou a conversar com o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), e fez consultas a outros. Mas não houve acordo. Caiado reclamou porque a base quer adiar as indicações.
- Esta Casa está parada. Querem deixar tudo para depois do carnaval - disse.
A oposição está irritada com o fato de PMDB e PT ficarem com as comissões mais importantes, como Constituição e Justiça (CCJ) e Assuntos Econômicos (CAE). Na CCJ, será um senador do PMDB. Na CAE, do PT.
Dissidentes formam grupo
Contra o que chamaram de truculência e comportamento "imperial" de Renan, 16 senadores da oposição e de partidos da base decidiram, em almoço ontem no gabinete do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), formar um bloco.
Eles vão priorizar a instalação da CPI para investigar o BNDES, cobrar o respeito à proporcionalidade na composição das comissões técnicas e apresentar projeto de resolução para institucionalizar o colégio de líderes (nos moldes do existente na Câmara) para decidir a pauta de votações. O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), informou que o requerimento da CPI da Petrobras do Senado já tem 23 assinaturas e deve chegar a 30 com o PSB e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Mas, como já há uma CPI da Petrobras criada na Câmara, a ideia é que o Senado centre força na do BNDES. Para tal, eles começaram a coletar ontem as assinaturas necessárias para a criação da nova comissão.
O objeto, segundo Caiado , são privilégios de financiamentos das empresas apelidadas de "campeãs nacionais", como o grupo JBS/Friboi, maior doadora da campanha do PT ano passado em 2014. Além disso, a oposição mira o financiamento de projetos em Cuba, Venezuela e África.
- A CPI da Petrobras já está avançada na Câmara. Não vamos gastar energia aqui no Senado com o mesmo assunto. Todos os delatores da Lava-Jato disseram que os problemas do BNDES são maiores que o petrolão. Os fatos determinados são muitos, e não há motivo para deixar nada de fora - disse Caiado.
Ronaldo Caiado também impetrou ontem à tarde mandado de segurança no STF contra a exclusão de PSB, PSDB e DEM da Mesa Diretora da Casa por Renan. Caiado pede que a eleição para os cargos da Mesa seja anulada. Em retaliação aos partidos que apoiaram a candidatura de Luiz Henrique (PMDB-SC), Renan articulou a entrega a aliados dos cargos a que a oposição tinha direito. (Colaborou Maria Lima)
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