• Petistas apresentam emendas que inviabilizam o equilíbrio das contas públicas, e com isso impedem Dilma de obter o mesmo êxito que teve Lula em 2003
Só mesmo a cegueira provocada pelo fervor ideológico e uma ojeriza a leis básicas da economia causada por um sectarismo de raiz fundamentalista podem explicar por que parlamentares do PT, partido da presidente Dilma, decidem inviabilizar o imprescindível ajuste fiscal, com a apresentação de emendas a fim de esvaziar as medidas provisórias baixadas para começar a ordenar as contas públicas. Conspiram contra o próprio governo do partido.
O alvo são os aperfeiçoamentos das normas do seguro-desemprego e das pensões por morte, consideradas das mais benevolentes do planeta e a causa de essas despesas atingirem volumes insustentáveis em relação ao tamanho da economia (PIB).
Jogam, de forma populista, para a plateia e viram as costas para a presidente eleita por seu partido. Até mesmo a senadora Gleisi Hoffmann (PR), ex-chefe da Casa Civil de Dilma, procura sabotar a presidente. O mesmo ocorre com o deputado Vicentinho (SP), ex-líder do PT na Câmara.
Fingem não conhecer números de extrema gravidade: no ano passado, pela primeira vez desde 1997, o país acumulou déficit primário (0,63% do PIB), o déficit nominal atingiu 6% — o dobro do teto exigido na União Europeia —, e a dívida pública bruta passou do nível máximo de segurança de 60% do PIB e bateu nos 63%. A poupança desabou e junto com ela os investimentos. E ainda condimentam o cenário do desastre um déficit externo muito alto (4% do PIB) e uma inflação persistentemente elevada, como se, nos últimos anos, a meta não fosse 4,5%, mas algo próximo dos 6%. Tudo isso e a economia estagnada. A necessidade do ajuste é óbvia, entendida por qualquer aluno nos anos iniciais do curso de Economia. A economista Dilma Rousseff tanto reconheceu a urgência das medidas que, numa repetição do que aconteceu no primeiro mandato de Lula, montou uma equipe econômica para recolocar o país no melhor caminho.
A miopia é em tão elevado grau que esses petistas não se recordam que um ajuste semelhante executado em 2003 por Antonio Palocci na Fazenda, Levy no Tesouro e Henrique Meirelles no Banco Central jogou para baixo uma inflação de dois dígitos, conteve os desequilíbrios em geral e, com isso, permitiu a Lula se beneficiar da volta do crescimento sem distorções, e assim ganhar o segundo mandato.
Deveriam ouvir os prognósticos do americano Mark Mobius, executivo-chefe da Templeton, administradora de US$ 40 bilhões em títulos de países emergentes. No ano que vem, Mark prevê que a economia brasileira cresça entre 3% e 4%, mas desde que faça seu ajuste fiscal bem mais por corte de despesas, do que elevação de impostos, para voltar a atrair os investidores.
Será, então, uma espécie de repetição de 2004, depois do ajuste de 2003. Mas, pelo que se observa no Congresso, parte do PT não quer.
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