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Desde 2004, quando lançamos o documento “Sem Mudança Não Há Esperança”, demarcamos o campo da oposição, por entendermos que o governo Lula era mera continuidade do governo anterior, mantendo sua lógica econômica e não articulando um projeto de desenvolvimento de longo prazo, assentado nas necessárias reformas democráticas da estrutura do Estado, tais como a política, a tributária, a previdenciária e a sindical, dentre outras. A atual crise econômica e ética que estamos vivendo é fruto de uma política de caráter populista que foi gerenciada e implementada desde o governo Lula e agravada no governo Dilma, por sua incompetência política.
Ao invés de fomentar uma ampla agenda de reformas estruturais, que ampliasse a capacidade de investimentos na infraestrutura e da produção industrial, criando regras claras para restaurar um favorável ambiente de negócios, o governo Dilma optou pela expansão continuada do gasto público, em benefício de setores e grupos escolhidos de maneira discricionária. Sem considerar o necessário equilíbrio das contas públicas, levou a economia à situação atual: crescimento zero, inflação alta, déficit externo, estrangulamento da infraestrutura e da logística, desindustrialização, retração do investimento privado e ampliação do processo recessivo.
Durante sua campanha de reeleição, Dilma acusou seus adversários - no primeiro turno, Marina, e no segundo turno, Aécio - de pretender entregar a gestão da economia para os banqueiros e fazer uma agressiva política de aumento de preços. Eleita, fez exatamente aquilo de que acusava seus oponentes. A campanha mais suja da nossa história foi também a mais mentirosa de um governante, no caso a presidente Dilma.
Já eleita, para corrigir as graves distorções que seu próprio governo causou, Dilma decidiu fazer um ajuste fiscal chamando, para tanto, um homem comprometido exclusivamente com a lógica do mercado e com o sistema financeiro, cujas primeiras ações são as Medidas Provisórias 664 e 665, que se forem aprovadas tornarão mais difícil o acesso das pessoas ao seguro-desemprego, abono salarial (PIS-Pasep), auxílio-doença, a pensões e ao seguro-defeso. Tudo isso precedido de um perverso veto a atualização da tabela do imposto de renda em 6,5% aprovada pelo Congresso Nacional. A partir de tais medidas foi dado início a um reajuste que põe todo o seu peso nos ombros dos trabalhadores e da classe média brasileira. Mas não foi só isso. A presidente não cuidou de dar exemplos de austeridade e muito menos de contenção de gastos do governo, nem diminuiu o número de ministérios e cargos comissionados ou reduziu a brutal ineficiência da máquina pública e seu extraordinário desperdício.
Em pouco tempo de seu novo mandato, já vivemos os estertores de um governo envelhecido, encurralado e cada vez mais isolado, onde o generalizado descontentamento da população com o aumento da inflação, com os intermitentes “apagões”, crescimento econômico inexistente, com aumento do desemprego industrial e uma crescente população economicamente ativa que vive no nem-nem (nem trabalha e nem procura), um sistema educacional precário e deficiente, com um sistema de saúde ineficaz, a segurança pública que não protege o cidadão, mobilidade urbana nos grandes centros colapsada, tudo isso faz a cidadania, no bojo do maior escândalo de corrupção do planeta envolvendo a Petrobras, murmurar uma palavra que tem tirado o sossego de Dilma e do PT: impeachment!
Que fique claro que ainda é apenas murmúrio, mas que se o governo continuar com sua irresponsável gestão, pode crescer como alternativa constitucional e democrática que resguarda as instituições da República e afasta a inaceitável, por quaisquer titulos, a aventura golpista de intervenção militar defendida por alguns setores da população órfãos da ditadura.
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Roberto Freire é presidente nacional do PPS
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