• Planalto lançará série de projetos em infraestrutura, moradia e agricultura
Simone Iglesias – O Globo
Ajuste de contas
BRASÍLIA - Mergulhada em uma crise econômica e enfrentando a pauta negativa do ajuste fiscal e aumento de impostos, a presidente Dilma Rousseff tentará mais uma vez pôr de pé a partir do próximo mês uma agenda positiva. O governo está organizando pelo menos quatro grandes eventos para lançar programas prometidos e adiados e, assim, ganhar ânimo e tentar melhorar a sua avaliação.
Para a primeira semana de junho, está agendado o lançamento do Plano Safra 2015-2016, que, apesar da previsão de aumento da taxa de juros, garantirá a manutenção de financiamentos aos agricultores pelos bancos estatais. Na segunda semana, após o feriado de Corpus Christi, o governo lançará o pacote de concessões em infraestrutura, previsto antes para este mês.
Dilma o adiou para incluir novas rodovias e ferrovias e aguardar a votação das medidas de ajuste no Congresso. Preocupava a dificuldade em achar financiadores e empreiteiros interessados.
Uma onda de animação chegou ontem ao Planalto com a visita do primeiro-ministro da China, Li Keqiang. Os dois países assinaram acordos bilaterais nas áreas de infraestrutura e planejamento, o que levará a investimentos nas novas concessões que serão realizadas pelo governo brasileiro.
Após o pacote de concessões, Dilma lançará o Plano Nacional de Exportação, que estava prometido para março, com foco nos mercados dos países africanos e do Mercosul. Ainda nos planos está o lançamento, na primeira semana de julho, da terceira etapa do Minha Casa Minha Vida, com novas regras para adesão e estimativa de construção de três milhões de moradias.
Crítica de Lula não caiu bem
Os quatro programas já tiveram lançamentos marcados e remarcados. Um ministro palaciano disse ao GLOBO que o governo preferiu montar uma agenda em sequência de programas positivos, após aprovar medidas de ajuste fiscal e de cortar o Orçamento para garantir superávit primário.
- Estamos no momento de ajustar. Depois da votação das medidas do ajuste fiscal, vamos entrar na fase de avançar. O governo não está parado - disse um auxiliar de Dilma.
A sensação de que Dilma está paralisada pela crise custou à presidente críticas de aliados e do ex-presidente Lula. Semana passada, em almoço com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula reclamou da "inércia" da sucessora. Disse que ela se tornou "refém de uma agenda amarga" e que precisa sair "da pauta tóxica" do ajuste.
Dilma também recebeu críticas pela paralisação de iniciativas como o PAC 3 e pelo adiamento do programa de concessões. No Planalto, não caiu bem a avaliação de Lula a Renan. Esse, de principal aliado no Senado no primeiro mandato, tornou-se este ano um dos seus maiores adversários.
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