Nome da presidente para a OEA é rejeitado
• É a 1ª vez que o Senado barra a indicação de um embaixador de carreira; placar foi 38 a 37 contra Guilherme Patriota
• Renan Calheiros atuou nos bastidores para derrotar Dilma, que agora precisa apresentar novo nome
Gabriela Guerreiro – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Em um recado à presidente Dilma Rousseff, o Senado rejeitou nesta terça (19) a indicação do embaixador Guilherme Patriota para o cargo de representante do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos).
Irmão do ex-ministro Antônio Patriota (das Relações Exteriores em parte do primeiro mandato de Dilma), Guilherme foi barrado por 38 votos a 37. É a primeira vez que o Senado rejeita a indicação de um embaixador de carreira.
A votação ocorreu poucos minutos antes do escrutínio que aprovou a advogado Luiz Fachin para o Supremo.
Patriota já serviu em missões na própria OEA, na Associação Latino-Americana de Integração e em embaixadas. Com a rejeição, Dilma terá que fazer uma nova indicação. O indicado será submetido a sabatina na Comissão de Relações Exteriores, como ocorreu com Patriota, e terá que ser aprovado pela comissão e pelo plenário da Casa. Até lá, a vaga do Brasil na OEA permanece em aberto.
Nos bastidores, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), trabalhava contra a indicação de Patriota, assim como fez, sem sucesso, no caso de Fachin.
Senadores aproveitaram o sigilo do voto para mandarem o recado de insatisfação com o Palácio do Planalto. Avisar que podem colocar em risco projetos caros ao governo.
Como a oposição tem só 18 parlamentares no Senado (DEM, PSDB e PPS), significa que há vários integrantes de siglas aliadas entre os 38 que votaram contra. O PSB, que se declarou "independente", tem seis senadores.
Aliados do governo lamentaram a derrota, que teria sido articulada pelo grupo de Renan. O peemedebista votou na indicação de Patriota, apesar de ter a prerrogativa de manter-se neutro por ser presidente da Casa.
Lindbergh Farias (PT-RJ) lamentou o resultado ao lembrar do ineditismo da rejeição. Renan reagiu: "Para além de ser um fato lamentável, é uma decisão do Senado Federal que tem que ser respeitada, sim. É atribuição constitucional do Senado Federal apreciar as indicações dos embaixadores do Brasil", afirmou.
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