• Alvo de críticas do Planalto após parte de seus deputados votarem contra o governo, sigla ameaçava deixar base aliada
• Partido indicará chefe de companhia ligada à Integração Nacional, pasta sob seu comando, entre outros cargos
Valdo Cruz, Ranier Bragon e Marina Dias – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Em sua operação para aprovar as medidas do ajuste fiscal, o vice-presidente Michel Temer acertou nesta segunda (11) com líderes do PP a indicação do novo presidente da Codevasf (Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba) para evitar que a sigla cumprisse as ameaças de deixar a base aliada do governo.
Na semana passada, o PP votou dividido na medida provisória 665, que restringe a concessão de benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego --18 de seus 39 deputados presentes à votação ficaram contra o governo.
A divisão gerou críticas do Planalto, o que levou líderes do partido, como Eduardo da Fonte (PE), a ameaçar abandonar a base aliada e votar contra outras medidas do pacote fiscal de Dilma Rousseff.
A equipe de Temer agiu para apaziguar a crise e acertou nomeações do partido. Além da Codevasf, hoje sob comando de um petista ligado ao ministro Jaques Wagner (Defesa), o PP vai ganhar outros cargos como compensação pela perda do Ministério das Cidades, hoje com o PSD.
A Codevasf é subordinada ao Ministério da Integração Nacional, que passou a ser comandado pelo PP. A sigla reclamava de que não conseguia fazer nomeações no novo ministério e vinha perdendo os antigos postos em Cidades.
Além do PP, Temer também conversou com líderes do PTB, PSD e até do PDT, partido que votou fechado contra o governo, para acertar pendências de nomeações e garantir a aprovação da MP 664, que restringe concessão de benefícios previdenciários.
A expectativa do governo é votar o texto nesta quarta-feira (13), dia em que teme a votação de emenda que extingue o fator previdenciário, mecanismo que reduz o valor dos benefícios para quem se aposenta mais cedo.
A iniciativa, defendida pelas centrais sindicais, tem apoio do PT e de boa parte da base aliada. O governo já aceitou discutir o assunto, mas dentro de um fórum criado por Dilma em acordo com as centrais.
Segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o governo sinalizou que irá retirar o pedido de tramitação em regime de urgência de dois projetos de seu pacote anticorrupção, limpando o caminho para que o ajuste seja votado de forma completa na Câmara.
Falta também a votação de um projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento de setores da economia.
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