• Senador critica ajuste fiscal de Dilma e afirma que Congresso não é o responsável pela atual situação do governo
Ricardo Brito, Isadora Peron – O Estado de S. Paulo
Após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar o rompimento com o governo Dilma Rousseff, ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reafirmou a necessidade de re discutir o atual modelo de coalizão. Renan criticou o ajuste fiscal, chamou os juros praticados no País de "pornográficos" e avaliou que é a crise econômica que alimenta a crise política. Renan, Cunha e dezenas de parlamentares são investigados na Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobrás.
"Precisamos rediscutir o modelo de coalizão existente. O método do atual, de aparelhamento e fisiologia, está exaurido e precisamos, sempre, qualificar programaticamente as coalizões a fim de preservar a independência dos Poderes e a solidez democrática", disse Renan, em balanço do primeiro semestre distribuído à imprensa.
O presidente do Senado cancelou a entrevista coletiva que daria por causa do pronunciamento de Cunha aos jornalistas na manhã de ontem. O presidente da Câmara foi citado por um dos delatores da Lava Jato como recebedor de propina do esquema na estatal. Renan também atacou o ajuste fiscal de Dilma. "Em um sistema presidencialista, o chefe do governo pediu a autorização do Parlamento a fim de implementar medidas apontadas como imprescindíveis para fazer faca à crise.
Aprimorando-as, como é de sua atribuição, o Congresso, no seu limite, forneceu estas ferramentas, mas o resultados, como alertamos, são muito modestos. O ajuste fiscal caminha celeremente para ser um desajuste social com a explosiva combinação recessão, inflação alta, desemprego e juros pornográficos. Até aqui só o trabalhador pagou a conta e não há ainda horizonte após o ajuste."
Mesmo tendo patrocinado uma série de retaliações ao Planalto, por acreditar em interferência do governo ao implicá-lo na Lava Jato, Renan disse que o Legislativo "não é um agente de instabilidade". Para ele, as dificuldades que todos enfrentam não foram criadas no Congresso. "As dificuldades que ora enfrentamos não foram criadas aqui, mas nem por isso nos omitimos. Não é a política que contamina a economia. Quem alimenta a crise política é a crise econômica."
Cunha tentou, na conversa que teve na quinta-feira com o vice-presidente Michel Temer e Renan, trazê-los para a briga que ele trava com, o governo e com o Ministério Público Federal. Temer e Renan, porém, não quiseram endossar publicamente a atitude do deputado.
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