sábado, 18 de julho de 2015

Um futuro para a crise

Leticia Fernandes e Julianna Granjeia – O Globo

O que pode acontecer depois do rompimento de Cunha com o governo?

Cenário 1: base aliada acompanha Cunha
A adesão do PMDB e de outros partidos ao rompimento é improvável. A tradição do PMDB é a negociação, não o confronto direto. Para analistas, seguir Cunha seria um gesto "suicida" de governadores e ocupantes de cargos no governo. O PMDB não vai se desgastar por um líder "novato", diferentemente do que fez por figuras como José Sarney.

- Tentar atuar com a mesma força do furacão que o atingiu é não entender as leis da Física. Se continuar pensando com o fígado, vai virar Severino Cavalcanti - diz o cientista político Fernando Abrucio (FGV-SP), citando o ex-presidente da Câmara que renunciou em 2005.

Cenário 2: rompimento se mantém restrito a Cunha
A tendência mais forte é ele ficar isolado, já que não tem tanto poder de barganha com os correligionários como outros líderes do PMDB. No tempo de mandato que lhe resta, pode usar o cargo para fazer sangrar ainda mais o governo. Mas, com o desgaste, o partido pressionará menos o Planalto. O vice-presidente Michel Temer tende a se aproximar do círculo mais estratégico de Dilma.

- Esse cenário é o mais imediato. Cunha sinaliza que pretende fazer sangrar o governo, mas não apenas para se fortalecer. Ele quer enfraquecer o adversário, que é o PT - avalia Cláudio Couto, cientista político da FGV-SP.

Cenário 3: novos golpes da lava-jato enfraquecem Cunha
O enfraquecimento de Eduardo Cunha poderia levar a uma recuperação do governo Dilma, com o enfraquecimento do fogo até então amigo do presidente da Câmara.

O semestre começou exuberante para Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Lava-Jato, mas o peso deles deve se alterar após o recesso com o aprofundamento das acusações.

- Um semestre que começou com dois príncipes feudais estrelando no poder pode mudar rapidamente - diz a historiadora Marly Motta.

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