• Ex-ministro e atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães, centro de estudos do PMDB, Moreira Franco é considerado o braço direito das articulações políticas do vice-presidente Michel Temer e diz ter receio de que, diante da atual crise política, a pre
Jorge Bastos Moreno - O Globo
Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, seguiu o vicepresidente Michel Temer e se transformou no segundo membro da cúpula do PMDB a falar que Dilma Rousseff pode não chegar ao fim de seu mandato. Apesar disso, negou estar conspirando pelo impeachment dela e atribuiu essa acusação à paranoia do PT. “É uma gente que desconfia de todos, a começar pelo Lula”.
É verdade que partem do Planalto, precisamente do gabinete presidencial, as notícias de que o senhor estaria conspirando pelo impeachment da Dilma ?
Se for verdade, é uma profunda injustiça. Fui dos primeiros a apoiá-la na eleição e na reeleição. Enquanto o partido no Rio sustentava o Aécio (Neves) eu vim com o (secretário de governo da cidade do Rio de Janeiro) Pedro Paulo e (o ex-vice-prefeito Carlos Alberto) Muniz trabalhar pela vitória dela. E hoje, na Fundação, produzimos estudos e propostas para superar as consequências dos erros que nos levaram à atual crise econômica.
O que teria levado as pessoas a acharem que o senhor trabalha pelo impeachment?
Quem introduziu o debate sobre o impeachment na agenda foi o próprio governo e, o que é mais grave, em declarações da presidente. O isolamento do comando do governo é de tal dimensão que qualquer ajuda que não seja a aceitação de suas avaliações é vista como conspiração. A dubiedade marca a cobertura que é dada as atuações de Michel (Temer) e do (ministro da Fazenda, Joaquim) Levy. É uma gente que desconfia de todos, a começar pelo Lula.
O senhor tem receios de que a presidente não conclua o mandato?
Tenho! E tenho, também, dentro do possível, procurado colaborar para que isto não ocorra. Mas está cada vez mais difícil. O Palácio não consegue criar uma relação de confiança com seus aliados. Veja: depois de uma reeleição apertada, o ministério foi composto para diminuir a força do PMDB, principal aliado do governo. Ao (ministro das Cidades, Gilberto) Kassab e ao (ex-ministro da Educação) Cid Gomes foram dados o papel de diluir o partido na Câmara. Um erro, temos 50 anos de existência. Não somos amadores.
O ministro Eliseu Padilha diz que o vaso da relação da presidente com o vice não está trincado, mas quebrado. É exagero?
O Eliseu conhece melhor do que ninguém as condições políticas que ele e Michel (Temer) tiveram que conviver no dia a dia da articulação política. Fizeram milagres. Ele sabe o que diz.
O PMDB está dividido ao meio na questão do impeachment?
O PMDB não está dividido e, sim, observando, avaliando. O PMDB tem compromissos com o Brasil e só com o país. Impeachment só é viável quando é a solução indiscutível. Foi assim no (ex-presidente Fernando) Collor e, só quando se chegou a este ponto, o Dr. Ulysses liderou o partido para a solução, unido.
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