- Folha de S. Paulo
O apoio que Dilma ainda tem junto ao empresariado pode desaparecer rapidamente. Se o governo não conseguir costurar uma solução imediata para as finanças públicas, o suporte vai evaporar.
Banqueiros, empresários e industriais ainda acreditam que é melhor resolver as coisas com a petista no Planalto a embarcar na perigosa canoa da troca de comando do país antes do tempo regulamentar.
Um dos efeitos práticos de o Brasil ter perdido a carteirinha do clube de países seguros para investimentos foi o encurtamento do prazo de reação esperado pelo turma do PIB.
Isso tem uma explicação óbvia. Vários foram os recados enviados ao Planalto. Todos ignorados. Como o rebaixamento veio mais rápido do que o esperado, a pressão cresceu.
Uma semana antes do desastre, executivos se reuniram com o ministro Joaquim Levy, em São Paulo, para falar algumas obviedades.
O recado era simples: o governo precisava fazer de tudo para evitar o rebaixamento da nota de crédito brasileira. Com a economia travada, o desemprego em alta e os juros na estratosfera, a perda do selo de bom pagador agora só alimentaria ainda mais a desconfiança, a praga que aniquila qualquer atividade.
O governo fez promessas, mas acabou atropelado na quarta-feira (9).
O que está sendo colocado sobre a mesa da presidente Dilma Rousseff agora não é uma operação faca no pescoço. A essência do debate atende pelo nome de pragmatismo.
Se as coisas não tomarem outro rumo, a economia vai afundar ainda mais, empregos vão desaparecer e o lucro dessas empresas vai minguar.
O que até agora estava restrito a conversas de bastidores começa a chegar ao grande público. O manifesto assinado pelas federações das indústrias de São Paulo e Rio de Janeiro é um bom exemplo disso.
Se Dilma não transformar palavras em ações nas próximas semanas, o que hoje é apoio vai se transformar em desembarque.
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