• Segundo o boletim Focus do Banco Central, mercado está mais pessimista com o País; expectativa é de mais inflação e retração maior da economia brasileira tanto em 2015 como no próximo ano
Célia Froufe - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O mercado está mais pessimista com o Brasil, com previsão de mais inflação e retração maior da economia tanto em 2015 como em 2016, de acordo com dados do boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta terça-feira.
Ainda em reação à divulgação dos dados oficiais sobre o Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das previsões de analistas do mercado financeiro no relatório Focus voltaram a mostrar piora.
De acordo com o documento, fruto de pesquisa com instituições financeiras, a perspectiva de retração da economia este ano passou de 2,26% para 2,44% - um mês antes estava em queda de 1,97%. Para 2016, a mediana das previsões passou de -0,40% para -0,50% ante estabilidade de quatro semanas atrás.
No caso da inflação de 2015, depois de duas semanas de queda das previsões no boletim Focus, a mediana para esse indicador passou de 9,28% para 9,29%. Há quatro semanas, estava em 9,32%. Nos cálculos de junho, o BC havia apresentado estimativa de 9% no cenário de referência e de 9,1% usando os parâmetros de mercado. Na última ata do Copom, porém, o BC informou que suas projeções para 2015 também subiram mais. Uma atualização deste documento será divulgada depois de amanhã, quinta-feira.
Segundo o IBGE, o PIB brasileiro caiu 2,6% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro e 1,9% ante o mesmo período de 2014. O BC, apesar de também ter revisado para pior sua projeção para este ano, de queda de 0,6% para retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No Relatório Trimestral de Inflação de junho, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de -2,3% para -3,0%. Uma nova edição do documento será apresentada no fim deste mês.
No boletim Focus desta terça-feira, a projeção para a produção industrial também mostrou piora significativa: saiu de uma baixa de 5,57% para um recuo de 6,00%. Já para 2016, a mediana das estimativas foi reduzida de uma alta de 0,89% para +0,72%. Há quatro semanas, as medianas destas previsões eram de, respectivamente, -5,21% e +1,15%.
Para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, a projeção dos analistas também passou por ajustes. Para 2015, caiu de 36,20% para 36,15% de uma semana para outra - a mediana estava em 36,20% há quatro edições da Focus. Para 2016, a taxa saiu de 38,60% para 38,90%. Há quatro semanas, estava em 38,50%.
Inflação. Pela quinta semana consecutiva, a mediana das projeções para o IPCA do ano que vem, justamente onde está o foco de atuação do Banco Central neste momento, apresentou elevação. A taxa subiu de 5,51% para 5,58% - há um mês, estava em 5,43%. Neste fim de semana, o presidente do BC, Alexandre Tombini, falou que, apesar do dólar e dos preços administrados, a instituição vem conseguindo ancorar as expectativas.
O BC promete levar a inflação para a meta de 4,5% no fim do ano que vem, mas recentemente, a autarquia vem chamando a atenção para "novos riscos" que surgiram para o comportamento dos preços. Pelos cálculos da instituição revelados no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o IPCA ficará em 4,8% em 2016 no cenário de referência e em 5,1% no de mercado. Uma nova edição desse documento será divulgada no fim deste mês.
No caso da inflação de 2015, a mediana para o indicador passou de 9,28% para 9,29%. Já no Top 5, grupo dos economistas que mais acertam as estimativas, o BC sentiu algum alento. A mediana para o IPCA de 2015 permaneceu em 9,41%, abaixo da projeção de um mês atrás, quando estava em 9,53%. No caso de 2016, o movimento foi mais evidente: a previsão desse grupo caiu de 5,40% para 5,28%. Quatro semanas antes estava em 5,42%.
Para a inflação de curto prazo, a projeção para este mês permaneceu em 0,25%. Um mês antes estava em 0,30%. No caso de setembro, porém, a taxa esperada passou de 0,37% para 0,39% - estava em 0,40% quatro semanas atrás. As expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente permaneceram inalteradas na pesquisa Focus de hoje, em 5,65%. Há quatro semanas, estavam em 5,59%.
Câmbio. Com alta de 45% neste ano, as projeções para o dólar dispararam no Relatório de Mercado Focus. Para 2015, a mediana das estimativas subiu de R$ 3,50 para R$ 3,60. Há quatro semanas, o ponto central da pesquisa estava em R$ 3,40. Para o próximo ano, a mediana para o câmbio ao final do período também subiu de forma significativa, passando de R$ 3,60 para R$ 3,70 agora. Há quatro edições do Focus a taxa era de R$ 3,50.
Estas projeções do mercado foram atualizadas antes de o BC anunciar um novo leilão de linha, para esta terça-feira, com recursos novos para o mercado. Serão ofertados, de acordo com a instituição, R$ 3 bilhões. Esta ação do BC se soma à retomada da rolagem integral dos contratos de swap cambial, e de um anúncio de rolagem uma semana atrás dos leilões de linha. Na Turquia, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse apenas que a instituição concluiu pela necessidade de leilões de linha neste momento.
Selic. Logo depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) demanter os juros em 14,25% ao ano, as previsões do mercado financeiro para a Selic seguiram inalteradas no Relatório de Mercado Focus. Para este ano, as expectativas ficaram congeladas em 14,25% ao ano pela sexta semana seguida. Com isso, a mediana para a Selic média de 2015 também se manteve em 13,63% pela sexta edição consecutiva.
Para 2016, o documento trouxe estabilidade da mediana das previsões em 12,00% ao ano, patamar aguardado há um mês no mesmo documento. A Selic média do ano que vem seguiu em 13,06% - estava em 13,16% quatro semanas atrás.
Entre os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros, o grupo Top 5 no médio prazo, não houve mudanças: a Selic deve encerrar 2015 em 14,25% - previsão apontada já há 11 semanas e a mediana das previsões permaneceu em 12,13% ao ano pela quarta semana consecutiva para 2016, o que denota uma divisão de opinião entre os componentes desse grupo entre um encerramento em 12,00% ou 12,25% no fechamento de ano.
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