- Folha de S. Paulo
Sem fazer barulho, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a instalação de uma bomba dentro da cozinha do Palácio do Planalto.
Ao liberar investigações contra os ministros Edinho Silva (Comunicação Social) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), o discreto ministro do STF abriu mais um capítulo de desconforto e pressão dentro de um governo que não consegue ter um minuto de sossego desde que Dilma garantiu mais quatros anos de poder.
Muita gente dentro do governo vai dizer que investigado não é culpado, o que é uma verdade. Mas as coisas não seguem essa lógica simples.
Mesmo em situações de calmaria, não é agradável ter dois dos mais próximos auxiliares sob a lupa do Ministério Público e da Polícia Federal por suspeita de terem recebido dinheiro de um esquema de corrupção na Petrobras. Imaginem no atual cenário. É dor de cabeça na certa.
Se Dilma seguir sua tradição, os dois ministros continuarão despachando no Planalto, mesmo com outros assessores defendendo que a presidente deve aproveitar a situação para promover uma mudança radical na composição de sua equipe na Esplanada dos Ministérios.
O problema dessa proposta de reformulação completa da equipe é que ela pressupõe uma disposição do Congresso, dos empresários e da população em dar um voto de confiança para a presidente tentar arrumar a casa e começar, ainda em setembro, uma espécie de segundo mandato do segundo mandato.
Pelo jeito que as coisas andam é difícil imaginar que esse aval será concedido. Ainda assim, essa pode ser a única alternativa à disposição da presidente para ganhar fôlego e tocar o governo até o fim de 2018.
Se a bomba Zavascki estourar sobre o ministro mais próximo da presidente e sobre seu "bombeiro" da crise, Dilma pode ficar sem condições e tempo para corrigir o rumo do governo. A petista não pode se dar ao luxo de correr tamanho risco.
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