- Folha de S. Paulo
No momento em que esta coluna é escrita, as autoridades francesas ainda contam mortos e feridos em Paris. O ataque da sexta-feira 13 foi o maior da década na Europa. O terror voltou a assombrar o Ocidente, na cidade que fundou a ideia moderna de democracia.
Os extremistas escolheram lugares cheios de jovens em busca de diversão. Entre os alvos estavam uma casa de shows, um restaurante badalado e um estádio de futebol.
A reação da arquibancada mostrou como podemos ficar atônitos diante da tragédia. Ao ouvir as explosões fora do estádio, a multidão vibrou, como se um torcedor tivesse acionado um rojão. Depois que as notícias correram, a massa voltou para casa entoando uma versão triste e comovente da Marselhesa.
Não há argumentos para justificar a barbárie. Os terroristas mataram civis inocentes, que não tinham como se defender, em nome de uma ideia delirante de guerra santa. A participação da França em ações militares no Oriente Médio não pode relativizar nem explicar o massacre.
Também não é hora para um campeonato de tragédias, como se o desastre humano e ambiental em Minas Gerais ou os atentados da véspera no Líbano tirassem a importância do que aconteceu em Paris.
O comunicado do Estado Islâmico mostra que o mundo está diante de uma ameaça grave, embalada por um discurso fanático e intolerante. Os extremistas querem impor a lógica do medo e da submissão, e tratam todos os que se opõem a eles como "infiéis". As grandes potências terão que mudar de estratégia para combater o grupo, que já provou ter grande capacidade de organização e reação.
As consequências do ataque ainda são imprevisíveis, mas já é possível dizer que os primeiros efeitos serão mais medo, mais intolerância e mais xenofobia na Europa. A corda tende a arrebentar nas costas dos refugiados, que já sofrem com a ação dos fanáticos em sua terra natal.
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